"Enquanto a mídia e os céticos ficam dando voltas em torno do novo documentário de James Cameron sobre a possível descoberta do túmulo de Jesus de Nazaré, fui dar uma olhada em uma instalação de detenção maciça que está sendo erguida na Ilha Natal, bem na costa da Austrália.
(...)
"Desde 2005, o Departamento de Imigração da Austrália vem construindo um “Centro de Recepção e Processamento de Imigração”.
"2.400 KM de Perth, 360 KM de Jakarta e apenas 2000 KM de Darwin, este complexo prisional fica na extremidade da ilha, que é uma estreita faixa de 24 KM de comprimento por 7 KM de largura.
"Tenha em mente que “sob as leis Australianas, é possível internar pessoas extra-judicialmente (sem julgamento ou condenação) e, desde 2004, fazê-lo indefinidamente.
"Detenção por imigração é, assim, uma questão meramente administrativa. Então, o que exatamente eles estão construindo ali ? (...) Trata-se de uma prisão “paraíso-tropical” de $ 396 milhões. Isso mesmo. Para aquilo que, segundo o governo, se destina a deter a imigração ilegal, é um complexo prisional “state of the art” de 800 lugares, com cercas elétricas, detectores de movimento, centenas de câmeras de vigilância e microfones ocultos nas árvores.
"O campo na Ilha Natal possui um sistema de TV a cabo ligado a uma sala de controle remoto para que os guardas em Canberra possam assistir aos detentos 24 hs. por dia. “Os detentos vestirão ID eletrônicos ou cartões, identificando-os onde quer que eles estejam.(...)"
"Além disso, para desenvolver esta ilha offshore-barreira contra a imigração, o governo australiano lançou seu navio de patrulha costeira, o Triton, apelidado de navio-prisão por seus críticos. Este "trimaran" de 98 metros tem a reputação de ser capaz de deter 30 pessoas por mais de um mês a bordo e é armado com duas metralhadoras."
(Fonte e texto original completo em inglês em: http://subtopia.blogspot.com/2007/02/doing-time-on-christmas-island.html)
No Blog, há ainda interessantíssimas postagens acerca das muralhas que vêm sendo erguidas ao longo de diversas fronteiras ao redor do mundo - uma espécie de "Nova Idade Média" sem os laços de proteção religiosos e tradicionais daquele período - além, é claro, de instrutivas matérias sobre o exército privado que vem "administrando" o Iraque ocupado ("Blakwater"), como protótipo do novo modelo de guerra privada do século XXI.
Endereço do Blog: http://subtopia.blogspot.com/ (também ascessível pelo link "Sites Recomendados" ao lado).
4 comentários:
Entramos definitivamente na História do séc. XXI. Reinos sobrepostos em tecnologias fascistas, alimentos em crise, e o terceiro mundo servindo como bases estratégicas.
E nós, ´paises em desenvolvimento', que posição tomaremos? Provavelmente Brasil será ainda uma grande discussão, e a partir desse confronto diplomático, o destino da América do Sul, via USA, decidirá muitos impasses políticos. Ao que temo, visto que de certa forma ainda somos um povo lúdico que se contenta com comidinha na mesa e orgulha-se de não ser o Brasil um país bélico. 'Aqui não tem guerra'. Mas essa passividade ilusória poderá gerar uma grande guerra de interesses. Teremos Inteligência para contornar a situação, ou governos e generais assinarão tratados com frases invisíveis para o povo?
São questões pertinentes e que somente a história poderá responder. Confesso não ser muito otimista sobre tais aspectos: penso que o "Sistema" exercerá muito contorcionismo antes de se render a uma grande crise. Tudo aponta para uma conformação Imperial e multipolar, pelo menos para os próximos 50 anos, se nada abruptamente cataclismático acontecer nesse meio tempo. Uma "Nova Idade Média" com menos redes de proteção - exceto aquelas que persistirem sob o "guarda-chuva" das novas identidades "egóico-grupais" (etnicas, sexuais etc). Questões interessantes que merecem uma reflexão profunda. Quanto ao Brasil, creio que sua integridade territorial estará garantida na medida em que ele sirva aos interesses das mega-corporações e dos Estados Centrais, pois caso contrário, não estaria descartado um desmembramento paulatino, "por camadas", ou seja, uma atenuação do conceito de "soberanis estatal" - como aliá já ocorre em grandes centros urbanos e em vastas áreas rurais, onde o Estado simplesmente desapareceu.
É, Luiz. Sua lógica, de certa forma me aquieta. Provavelmente a globalização trará uma espécie de intuição
no quesito 'sobrevivência' do homem pós-moderno como um todo. Gostei muito da sua análise, aliás, vir aqui e no Metafórmicus é participar de fóruns de cunho humanista, politicamente equilibrados. Eu aprendo a pensar friamente, sem romantismos, e isso é ótimo.
Obrigada pela atenção.
Abraço e beijo.
Metamórficus! (dizem que consertar uma gafe só piora rss)
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