quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Um balanço da AVAAZ


Este Blog retransmite um comunicado da AVAAZ - um balanço de suas atividades recentes:



Amigos,



Nós recebemos milhares de emails nos parabenizando e agradecendo pelo relato sobre as últimas campanhas da Avaaz - caso você não viu, leia abaixo o que conquistamos nos últimos meses! A nossa comunidade cresceu rapidamente e está se tornando realmente extraordinária, com uma agilidade e impacto de campanha intensos. Somente nas últimas 10 semanas nós organizamos 9 campanhas nacionais e globais, lidando com assuntos desde mudanças climáticas passando pelo Irã e Guantanamo. Ainda há muito o que fazer sobre todos estes assuntos, mas juntos estamos contribuindo de uma forma poderosa. Veja os destaques das últimas 10 semanas.

Amazônia brasileira - Os membros brasileiros da Avaaz fizeram 14.000 telefonemas e enviaram 30.000 emails para o Gabinete do Presidente Lula em poucos dias(!), revertendo de última hora a medida provisória que iria entregar uma boa parte da Amazônia para o agronegócio para exploração intensiva. Esta foi uma vitória inclusive contra as mudanças climáticas já que a Amazônia é responsável por captar gases de efeito estufa que estão causando o aquecimento do planeta.

Encontro do G8 - Semana passada 130.000 membros da Avaaz assinaram em 48 horas a petição para os países do G8 pedindo a limitação do aquecimento do planeta em 2 graus Celsius, buscando envergonhar os três países que estavam bloqueando as negociações. A petição foi entregue durante o G8 ao Primeiro Ministro do Reino Unido, Gordon Brown (veja a imagem à direita), junto com cartões postais personalizados gigantes.

Do lado de fora do encontro, os membros da Avaaz tiraram a roupa, usando apenas bikinis e sungas verdes, em uma encenação com muito humor para passar a mensagem da campanha. A ação gerou uma grande atenção da mídia (foto à direita). Enquanto isso parceiros da Avaaz aumentaram a pressão na Itália e no mundo todo. Os países que estavam bloqueando as negociações resistiram, mas acabaram concordando com a meta de 2 graus Celsius! Porém, eles falharam em definir ações específicas de como implementar a meta. Nosso desafio agora é garantir que os líderes políticos mantenham seu compromisso com a assinatura de um tratado global vinculante durante o Encontro da ONU sobre mudanças climáticas em Copenhague em dezembro.

Protestos no Irã - Nossa comunidade rapidamente respondeu à crise eleitoral no Irã com uma pesquisa de opinião para saber o que pensa o povo iraniano. Pedimos também para líderes globais não reconhecerem o resultado até que a repressão aos protestos terminassem, e arrecadamos fundos para apoio tecnológico para facilitar o livre acesso dos iranianos à Internet. A forte repressão que se agravou depois dos primeiros protestos dificultou a elaboração da pesquisa de opinião (deveremos ter resultados semana que vem), porém arrecadamos mais de cem mil dólares para o apoio tecnológico de acesso à Internet para os iranianos poderem se comunicar livremente. A situação do Irã permanecem incerta, e nós continuaremos a apoiar a liberdade de expressão e nos opor aos que se aproveitam desta crise para justificar uma ação militar contra o Irã.

Metas climáticas do Japão - No Japão, nós denunciamos as intenções do Primeiro Ministro Taro Aso em definir metas climáticas fracas e insuficientes, o que poderia levar outros países a serem menos ambiciosos também. Financiado por pequenas doações online, a Avaaz encomendou uma pesquisa que mostrou que 63% dos japonese queriam metas mais fortes contra as mudanças climáticas. Publicamos o resultado na imprensa na forma de um anúncio de página inteira no maior jornal empresarial do Japão e no mangá preferido do Aso (veja ao lado). Internacionalmente, a Avaaz publicou um anúncio de página inteira no Financial Times. Mem bros da Avaaz se mobilizaram publicamente se reunindo com os representantes do Japão nos encontros de Paris e Bonn.

Finalmente o Primeiro Ministro anunciou metas mais fortes do que as indústrias poluidoras queriam -- porém ainda muito longe de serem o suficiente para impedir as consequencias catastróficas das mudanças climáticas. Nós então dobramos a pressão com uma conferência de imprensa altamente coberta por jornalistas internacionais, mostrando o Primeiro Ministro japonês como "George W. Aso" -- comparando ele ao Bush por se posicionar contra propostas mais fortes para conter o aquecimento global.


Libertem os presos políticos da Birmânia - Mais de 400.000 pessoas assinaram a petição para o Secretário Geral da ONU Ban Ki Moon pedindo para ele priorizar a libertação da Prêmio Nobel da Paz e presa política Aung San Suu Kyi e outros prisioneiros políticos da Birmânia. A petição foi entregue em uma reunião com o gabinete do Ban Ki Moon e numa conferência de imprensa na ONU em Nova York. O Secretário Geral da ONU fez uma declaração forte pela libertação de Suu Kyi e viajou para Birmânia para tentar se reunir com ela, porém foi recusado pela junta militar. A pressão internacional fez com que a junta adiasse o novo julgamento para estender a sentença da Aung San Suu Kyi, porém será preciso uma pressão muito maior para garantir a sua libertação.

Estados Unidos e Tortura - Uma campanha global para arrecadar fundos, junto com uma petição para acabar com a tortura e fechar o presídio de Guantanamo, permitiu que a Avaaz comprasse um outdoor de 9 andares a poucos quarteirões da Casa Branca, no centro de Washington DC. De última hora a empresa de outdoor se recusou a colocar o anúncio apesar de alguns membros do congresso dos EUA, que são contra Guantanamo, se oferecerem para apresentar o outdoor em uma conferência de imprensa. A Avaaz agora garantiu uma forma alternativa para entregar a nossa mensagem audaciosa, que irá chacoalhar Washington DC com o nosso chamado por justiça.

Conferências da ONU sobre Mudanças Climáticas - No encontro sobre mudanças climáticas em Bonn, membros alemães da Avaaz participaram de uma ação de nossos parceiros onde 500 pessoas soletraram "Yes You Can" (slogan de campanha do Obama), uma mensagem para os líderes, e principalmente o Obama, sobre as negociações climáticas (veja à direita). A ação chamou atenção para a falta de ambição das negociações. A Avaaz também enviou uma equipe de 16 pessoas para acompanhar e se reunir com os representantes das delegações presentes, incluindo membros de 10 países que participaram pressionando os negociadores dos seus países.

Peru - A Avaaz se juntou a grupos indígenas locais e aliados políticos para entregar uma petição global contra as leis que iriam causar uma devastação massiva da amazônia peruana. Publicamos o anúncio ao lado em um dos jornais mais importantes do Peru. O anúncio gerou muita atenção e junto com a pressão política doméstica, conseguimos que o congresso peruano revogasse as leis controversas!

Israel - O Primeiro Ministro Netanyahu preparou um discurso para responder à fala histórica do Presidente Obama no Cairo, em que ele pediu para Israel parar com os assentamentos ilegais em terras palestinas. Nós publicamos um anúncio de página inteira em um dos jornais mais importantes de Israel - o Haaretz - entregando uma petição dos membros da Avaaz de Israel e do mundo inteiro pedindo para o Netanyahu seguir as recomendações do Obama e parar com os assentamentos. Até agora o Netanyahu recusou, mas nós estamos ajudando a construir uma campanha inédita, levando a questão dos assentamentos para a opinião pública israelenses e globais.

As petições, campanhas de captação, manifestações e lobby político que a nossa comunidade está fazendo está tendo um impacto incrível. A Avaaz cresceu mais de 50.000 pessoas por semana, tendo agora mais de 3,6 milhões de cidadãos engajados em todos os países do mundo. Nós somos realmente globais, operando em 14 línguas, já temos 25.000 membros em Singapura, 35.000 na África do Sul, 130.000 na Itália, 50.000 no México... Nunca antes houve uma comunidade como a nossa, capaz de responder rapidamente a questões globais e mobilizar de forma eficaz o poder da sociedade civil global para as maiores necessidades e preocupações da humanidade -- isto é um grande motivo de esperança!

Nesta jornada emocionante, estamos ansiosos pelas próximas 10 semanas, e 10 meses, e 10 anos juntos!

Com esperança,

Ricken, Alice, Pascal, Ben, Veronique, Paul, Graziela, Brett, Raluca, Luis, Raj, Milena, Paula, Iain, Taren, Margaret e toda a equipe Avaaz

PS - para ver os destaques das campanhas da Avaaz em 2007 e 2008, e deixar um comentário, clique aqui:

https://secure.avaaz.org/po/report_back_2/



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SOBRE A AVAAZ

Avaaz.org é uma organização independente sem fins lucrativos que visa garantir a representação dos valores da sociedade civil global na política internacional em questões que vão desde o aquecimento global até a guerra no Iraque e direitos humanos. Avaaz não recebe dinheiro de governos ou empresas e é composta por uma equipe global sediada em Londres, Nova York, Paris, Washington DC, Genebra e Rio de Janeiro.

Avaaz significa "voz" em várias línguas européias e asiáticas.

Pegada aquática


Brasil é o maior exportador de ‘água virtual’ para a Alemanha


Estudo do WWF afirma que o Brasil gasta 5,7 bilhões de metros cúbicos anuais de água na produção de mercadorias que serão consumidas na Alemanha, principalmente café, soja e carne.

A reportagem é de Nádia Pontes, e publicada pelo sítio Deutsche Welle, 04-08-2009.

A Alemanha consome por ano 159,5 bilhões de metros cúbicos de água, o equivalente a três vezes o volume do Lago de Constança. O número foi apresentado nesta segunda-feira (03/08) pelo WWF, organização mundial ambientalista.

Segundo o estudo, cada cidadão alemão consome em média 5.288 litros por dia do recurso natural, o que corresponde ao volume de 25 banheiras cheias. Para chegar a esse número, o estudo do WWF levou em consideração o consumo direto e também o indireto, como, por exemplo, a água usada no cultivo de alimentos e nos processos industriais.

Segundo a organização, cada pessoa na Alemanha consome em média 124 litros de água por dia pelo uso direto, ao abrir a torneira. A quantidade de água consumida por uma pessoa, empresa ou país é o que os ambientalistas chamam de pegada aquática.

Água virtual importada

O estudo do WWF aponta que aproximadamente metade da água consumida pela Alemanha é importada, ou seja, foi utilizada em outros países no processo de produção de mercadorias compradas pela Alemanha. É o que a organização chama de água virtual.

A agricultura é o setor que mais consome água: 117,6 quilômetros cúbicos – 73% do total anual. Mais da metade é importada: a maior parte da água virtual está nos produtos agrícolas importados do Brasil (5,7 bilhões de metros cúbicos, utilizados principalmente na produção de café, soja e carne), da Costa do Marfim (4,2 bilhões) e da França (3,5 bilhões).

Só o consumo anual de café e cacau na Alemanha, por exemplo, requer 20 quilômetros cúbicos de água virtual. As carnes de vaca e de porco importadas também têm essa característica, além de sementes oleaginosas, como oliva, palma e algodão.

Na segunda posição no ranking de consumo de água na Alemanha está a indústria, com 36,4 bilhões de metros cúbicos por ano. O uso doméstico, que é de 5,5 bilhões de metros cúbicos, vem em terceiro.
"O consumo de água não é algo ruim, mas faz parte de uma atividade natural", explica Martin Geiger, do WWF. O ambientalista alerta, entretanto, que é preciso prestar atenção na quantidade e nas condições em que o recurso é retirado na natureza.

Para o WWF, leis de responsabilidade sobre o uso da água deveriam ser criadas. Assim, cada país poderia verificar o quanto de água foi consumida nos produtos na hora de negociar a importação. Este recurso poderia, consequentemente, ajudar a Alemanha a reduzir a sua pegada aquática.

Origem do conceito

O conceito "água virtual" foi criado em 1990 pelo cientista inglês John Anthony Allan. O termo leva em consideração o volume de água utilizado, o quanto do recurso evapora ou fica poluído nos processos de produção.

A confecção de um par de sapatos de couro, por exemplo, consome 8 mil litros de água. A produção de um hambúrguer, 2,4 mil litros. O cultivo de algodão suficiente para fabricar uma camiseta consome 4 mil litros do recurso. Cada quilograma de açúcar contém, aproximadamente 1,5 mil litros de água virtual.

O termo "pegada aquática" partiu do conceito água virtual e pode ser usado tanto para indivíduos como para empresas e países.

Bases norte-americanas na Colômbia


As sete áreas que serão ocupadas por diferentes tipos de instalações militares americanas em território da Colômbia já estão sendo utilizadas pelo contingente dos EUA. O acordo firmado pelo presidente Álvaro Uribe "vai apenas regularizar um fato", disse ontem o senador e ex-ministro da Defesa Rafael Pardo.

A reportagem é de Roberto Godoy e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 05-08-2009.

Nem todos os pontos receberão bases. Em Larandia, no sul do país, os consultores do Pentágono montaram o núcleo de inteligência das operações de repressão à guerrilha e ao narcotráfico. Assumindo o controle, vão expandir o centro de informações, que vai incorporar novos sistemas eletrônicos de alta tecnologia. No complexo de Tolemaida estão concentrados os programas de treinamento, reciclagem de pessoal e alojado o maior grupo de terceirizados, o amplo quadro de soldados profissionais fornecidos por empresas especializadas como a poderosa DynCorp.

O foco do plano mais ambicioso está fechado em Cartagena e Málaga, formando um arco entre o Mar do Caribe e o Oceano Pacífico. No sítio de Cartagena deve ser ativada uma ampla base aeronaval. Rafael Pardo acredita que terá recursos para dar apoio a eventuais forças-tarefa, formadas por vários navios. Na pequena Bahia Málaga, funciona um conjunto de logística e estocagem de material. O local todavia é visto como estratégico.

O ponto de amarração de todo o sistema é, todavia, a Base Aérea de Palanquero, com uma pista moderna de 3 mil metros e grandes hangares. É ao vértice de um triângulo formado pelas unidades de Malambo, no litoral Atlântico e Apiay, no centro geográfico da Colômbia. A função dessas facilidades é substituir e ampliar o trabalho da Base de Manta, que funcionava no Equador e foi desativada.

Grandes jatos E-3 Sentinela, versão especializada do Boeing 707, precisam realizar 1.600 missões de inteligência por ano.Os aviões, do 478º Esquadrão Expedicionário, são escoltados por caças F-16 e F-15 deslocados dos EUA e, nessa tarefa, agregados à 429ª Esquadrilha. Durante o voo, monitorados por radares de longo alcance instalados em Soto Cano, Honduras, os caças permanecem sobre águas internacionais - prontos para entrar em ação, mas, até agora, sem causar protesto pela invasão do espaço aéreo.

O fim da crise e o capitalismo que virá



A questão dominante hoje se refere à sustentabilidade do crescimento. E, para enfrentá-la, devemos encontrar indicadores alternativos ao PIB. É desejável uma mudança radical na relação entre economia e política, no plano das relações internacionais, do destino dos recursos e das finanças.

Essa é a opinião do político italiano e ex-ministro da República, Giorgio Ruffolo, em artigo para o jornal La Repubblica, 04-08-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o artigo.

A atenção voltada à crise se concentra geralmente na questão da sua duração. Poucos se perguntam se e como, depois da crise, a economia capitalista mudará.

Durante a grande crise dos anos 30 – a que mais se assemelha à atual – não eram poucos os que pensavam que o fim da crise coincidiria com o fim do capitalismo. Com efeito, não faltou muito. Hoje, ninguém apostaria um euro. E nem um dólar. O capitalismo não será eterno. Mas é certo que ele não tem os dias contados. Talvez, os séculos.

Há três formas bem consolidadas que o capitalismo introduziu na sociedade moderna e que parecem historicamente duradouros: o primado da economia como motor da história; o primado do capital na estrutura da economia; o primado do mercado na sua regulação. Essas três características estão na base da quarta: o movimento de crescimento contínuo que o capitalismo imprimiu na economia mundial.

Essas características, as três primeiras principalmente, fazem do capitalismo um sistema praticamente insustentável. A sua alternativa mais grandiosa, a comunista, naufragou. E não merece nostalgias.

Isso não significa que tudo deve voltar a ser como antes. Essa, mais do que uma previsão, é uma aspiração ideológica. Voltar, depois de uma custosa parada, ao usual: "il carro stride del passegger che il suo cammin ripiglia" [a carroça range por causa dos passageiros que retomam seu caminho]. Será assim? Não acredito. O capitalismo conta os séculos, mas muda, a cada tanto, a conta. Houve um capitalismo liberal, um protecionista, um keynesiano, um liberal, cada um profundamente diferente do outro. Esta última está saindo da crise com os ossos quebrados. Parece razoável perguntar se o capitalismo que sairá dessa crise será muito diferente daquele que nela entrou: e em quê.

Percorramos rapidamente as três características duradouras do capitalismo. É (quase) certo que o motor da história continuará sendo a economia (aquele "quase" precisaria de um discurso diferente que obviamente desconsideraremos aqui). Mas o motor age em uma máquina que pode mudar. As máquinas políticas, dentre as quais o capitalismo agiu, foram caracterizadas por diversas hegemonias nacionais: a italiana, a holandesa, a britânica, a norte-americana.

No último século, a hegemonia norte-americana foi incontestável. Será também no futuro? A crise colocou-a sob dura prova. E, enquanto isso, surgiram novas potências políticas: Índia e China. Para não falar das potências econômicas multinacionais que são capazes de se eximir também da influência da Superpotência política. Tudo isso determina uma condição de desordem econômica mundial que esta última não é capaz de dominar.

Segundo ponto. Por meio da globalização e da financiarização, a prevalência do capital se tornou preponderância, com consequências ingovernáveis de instabilidade e perigosamente conflitantes de iniquidade. Uma economia constantemente exposta à inflação e ao afrouxamento das bolhas especulativas não é o quadro ideal para a difusão do bem-estar.

Terceiro ponto. A mercantilização da economia introduziu, no sistema, dois fatores socialmente desagregadores. O primeiro é o desequilíbrio entre a superabundância dos consumos privados e a pobreza dos bens sociais (escola, saúde, cultura, solidariedade, meio ambiente). O segundo, ainda mais grave, é a mercantilização das regras. Se as regras do jogo entram no jogo, o jogo se destrói. Se os árbitros podem ser comprados, não ocasional e criminalmente, mas "regularmente", não existe mais partida. Isso ocorreu vistosamente nos fenômenos colusivos da crise atual e na mercantilização de títulos que deveriam ser instrumentos de garantia e não objetos de especulação.

Esses três aspectos, em si sós, justificariam uma mudança radical da relação entre economia e política: no plano das relações internacionais das trocas e dos câmbios; no da distribuição dos recursos entre economia e finanças, entre capital e trabalho; no do destino dos recursos, entre bens privados e bens públicos e da distinção entre contratos e produtos, entre mercadorias e regras de câmbio.

Resta o quarto aspecto decisivo, que é hoje obscurecido pela preocupação dominante de sair de qualquer forma e o mais rápido possível da crise: o da sustentabilidade do crescimento. Deveria ser a questão dominante. Hoje, somos guiados por um indicador enganoso, o PIB, que viola o princípio fundamental da economia, a distinção entre renda e custo: um verdadeiro absurdo, para não dizer uma vergonha.