Desconforme com o modelo educativo tradicional, Onfray criou uma Universidade onde não se fazem exames nem se conferem títulos. Seus textos combinam a filosofia com gastronomia, religião, anarquismo e a busca do prazer.
Segue artigo de Héctor Pavón publicado no jornal argentino Clarín, 11-02-2008.
A tradução é do Cepat.
Há uma Universidade na cidade de Caen, França, onde um filósofo chamado Michel Onfray dá aulas para auditórios lotados de ouvintes. Não são alunos tradicionais, são pessoas que vão à universidade para aprender sem buscar títulos, mas saberes finamente selecionados. É esse o espírito que rege a escritura deste pensador que se mantém afastado dos círculos acadêmicos que costuma defenestrar. Produz textos livres que combinam filosofia com gastronomia, religião, anarquismo, história e a busca do prazer, entre outras disciplinas e ocorrências.
Muitos desses livros (escreveu mais de quarenta) foram editados aqui [Argentina] ou importados e são lidos apaixonadamente. Somente em 2007 foram editados quatro: La filosofía feroz (Libros del Zorzal); La potencia de existir. Manifiesto hedonista (De la Flor); El cristianismo hedonista. Contrahistoria de la filosofía II e Las sabidurías de la antigüedad (Anagrama). Há um crescente interesse por seu pensamento e por sua atitude antiintelectual que seduz e multiplica leitores argentinos.
Alguns de seus livros começaram a circular nos anos 90: A razão gulosa e O ventre dos filósofos [No Brasil, ambos são editados pela Rocco], por exemplo. Esse modo de analisar a partir da filosofia os hábitos culinários chamou a atenção, e seu nome começou a circular nas livrarias, faculdades e círculos de discussão filosófica fora das universidades. Depois se conheceu um livro bem divertido sobre a vida dos filósofos cínicos e de Diógenes em particular, Cinismos. O ateísmo e o hedonismo são os temas que ocupam seu pensamento desde sempre.
O livro Tratado de Ateologia [Martins Fontes, 2007] vendeu 200 mil exemplares só na França e também provocou reações ásperas por parte de grupos religiosos. Foram publicados três livros que tentaram rebater seus postulados e também foi aberto um blog intitulado “Contra Michel Onfray”. Ali fazem fila intelectuais e crentes em geral para “pegar” Onfray. No blog se pode ler: “Michel Onfray, nascido em 1959 (depois de JC) pretende desencaixar tudo. Inspirado nas correntes de idéias marxistas e nietzscheanas, prega a descristianização. Suas propostas são virulentas, cultiva o desprezo, propaga idéias caluniosas e blasfemas”. Também se poderia dizer que se encarregou de historiar o prazer ou sua carência. O seu caminho também fustiga o cristianismo e ao mesmo tempo resgata, em El cristianismo hedonista, santos heréticos e sábios licenciosos cristãos que participaram de banquetes sexuais.
Onfray teve uma infância muito dura, sem família. Graças à filosofia se refez de um duro começo: “A filosofia me permitiu sobreviver à tragédia que foi para mim ser enviado a um orfanato por meus próprios pais quando eu tinha dez anos. Os livros, a leitura me salvaram nesse momento e depois me garantiram a salvação novamente na minha adolescência, quando a filosofia funcionou em mim como o sentido, a verdade, a certeza, a razão que ninguém me havia transmitido: creio que a filosofia é uma terapia, o que séculos de filosofia mostraram, sempre que não foram cristãos...”, diz desde Argentan, sua cidade natal.
Há uma Universidade na cidade de Caen, França, onde um filósofo chamado Michel Onfray dá aulas para auditórios lotados de ouvintes. Não são alunos tradicionais, são pessoas que vão à universidade para aprender sem buscar títulos, mas saberes finamente selecionados. É esse o espírito que rege a escritura deste pensador que se mantém afastado dos círculos acadêmicos que costuma defenestrar. Produz textos livres que combinam filosofia com gastronomia, religião, anarquismo, história e a busca do prazer, entre outras disciplinas e ocorrências.
Muitos desses livros (escreveu mais de quarenta) foram editados aqui [Argentina] ou importados e são lidos apaixonadamente. Somente em 2007 foram editados quatro: La filosofía feroz (Libros del Zorzal); La potencia de existir. Manifiesto hedonista (De la Flor); El cristianismo hedonista. Contrahistoria de la filosofía II e Las sabidurías de la antigüedad (Anagrama). Há um crescente interesse por seu pensamento e por sua atitude antiintelectual que seduz e multiplica leitores argentinos.
Alguns de seus livros começaram a circular nos anos 90: A razão gulosa e O ventre dos filósofos [No Brasil, ambos são editados pela Rocco], por exemplo. Esse modo de analisar a partir da filosofia os hábitos culinários chamou a atenção, e seu nome começou a circular nas livrarias, faculdades e círculos de discussão filosófica fora das universidades. Depois se conheceu um livro bem divertido sobre a vida dos filósofos cínicos e de Diógenes em particular, Cinismos. O ateísmo e o hedonismo são os temas que ocupam seu pensamento desde sempre.
O livro Tratado de Ateologia [Martins Fontes, 2007] vendeu 200 mil exemplares só na França e também provocou reações ásperas por parte de grupos religiosos. Foram publicados três livros que tentaram rebater seus postulados e também foi aberto um blog intitulado “Contra Michel Onfray”. Ali fazem fila intelectuais e crentes em geral para “pegar” Onfray. No blog se pode ler: “Michel Onfray, nascido em 1959 (depois de JC) pretende desencaixar tudo. Inspirado nas correntes de idéias marxistas e nietzscheanas, prega a descristianização. Suas propostas são virulentas, cultiva o desprezo, propaga idéias caluniosas e blasfemas”. Também se poderia dizer que se encarregou de historiar o prazer ou sua carência. O seu caminho também fustiga o cristianismo e ao mesmo tempo resgata, em El cristianismo hedonista, santos heréticos e sábios licenciosos cristãos que participaram de banquetes sexuais.
Onfray teve uma infância muito dura, sem família. Graças à filosofia se refez de um duro começo: “A filosofia me permitiu sobreviver à tragédia que foi para mim ser enviado a um orfanato por meus próprios pais quando eu tinha dez anos. Os livros, a leitura me salvaram nesse momento e depois me garantiram a salvação novamente na minha adolescência, quando a filosofia funcionou em mim como o sentido, a verdade, a certeza, a razão que ninguém me havia transmitido: creio que a filosofia é uma terapia, o que séculos de filosofia mostraram, sempre que não foram cristãos...”, diz desde Argentan, sua cidade natal.
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