segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Pode a humanidade ainda ser salva?

O Mundo, aos ohos do establishment norte-americano
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“A humanidade ainda pode ser salva? Sim, se conseguirmos combinar crescimento com desenvolvimento sustentável, em lugar de enxergar os dois como contraditórios. Mas como isso pode ser feito? Precisaremos de mais conhecimento, mais contenção, menos matéria, mais concretude e mais - não menos - ética e política”, escreve Koïchiro Matsura, economista e diplomata japonês, diretor-geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 17-02-2008.

Segundo ele, "a maior transformação de nossas sociedades se dará no campo das atitudes. Como poderemos desmaterializar a produção se continuarmos a ser materialistas? Como poderemos reduzir nosso consumo se nosso consumidor interior devora nosso lado cidadão? A resposta está na educação para o desenvolvimento sustentável”.

“Teremos que "desmaterializar" a economia", sugere o diretor da Unesco. "É provável que seja impossível interromper o crescimento. Teremos, portanto, que reduzir o consumo de recursos naturais e matérias-primas. Esse deslocamento da economia em direção ao imaterial já começou com a revolução que substitui átomos por bits, que é fundamental para a ascensão das novas tecnologias e das sociedades do conhecimento. A desmaterialização do crescimento poderia até mesmo favorecer o desenvolvimento do Sul, se o Norte se comprometesse a desmaterializar um pouco mais do que o Sul por aproximadamente 50 anos”

Koïchiro Matsura constata que "para salvaguardar as 34 zonas ecológicas prioritárias, que cobrem apenas 2,3% da Terra, mas contêm 50% das espécies conhecidas de plantas vasculares e 42% dos mamíferos, aves, répteis e anfíbios, o custo é avaliado em cerca de US$ 50 bilhões, menos de 0,1% do PIB global".

Assim, ele sugere "um contrato natural: tivemos um contrato social, que interliga as pessoas; agora precisamos nos conectar com a natureza. Como já protegemos espécies ameaçadas e parques naturais, devemos pouco a pouco ir reconhecendo que a natureza encarna direitos legítimos. A visão de futuro será uma condição prévia imprescindível à verdadeira democracia do futuro. A ética do futuro fornecerá o vínculo entre crescimento e desenvolvimento sustentável".

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