Reproduzo abaixo três notícias sobre o aquecimento global, em vista da Convenção sobre o Clima em Bali, ora em curso.
A entrevista do representante norte-americano em Bali ficou para o final, propiciando ao leitor uma visão "em perspectiva".
A par das questões acerca do nosso atual "modo de vida", deve-se considerar que o presente já começa a pagar o preço pelos abusos cometidos no passado, em especial pelos cidadãos do chamado "mundo desenvolvido". Ou seja, não se trata apenas de rever o progresso futuro, mas, sobretudo, rever o "progresso" passado.
A rotina dos cidadãos norte-americanos e europeus já vem comprometendo, desde há muito tempo, a vida em todo o planeta.
Os cidadãos desses países devem se conscientizar que seu estilo de vida já cruzou a linha de insustentabilidade há pelo menos três décadas e, dessa forma, deverão aceitar "perdas" em relação ao padrão atual - seja "por bem" (uma revisão da ideologia e da cultura do narcisismo e do cinismo) ou "por mal" (uma catástrofe em escala mundial).
O dogma do "crescimento sem limites e ininterrupto" deve ser abandonado, por amor aos nossos filhos e netos.
O problema ambiental se põe, em última análise, como um dos grandes - senão o maior - "resíduo" do Capitalismo.
1- Mudança climática pode aprofundar desigualdades entre países
“Há uma crescente tomada de consciência sobre a necessidade de agir rápido, de começar a adotar medidas que reduzam estes riscos”, argumentam Emal Dervis e Leire Pajín. E acrescentam que o último Relatório sobre o Desenvolvimento Humano do PNUD traz “uma segunda poderosa razão para colocar-se em marcha de forma imediata: um atraso nas medidas teria graves conseqüências para o desenvolvimento humano em alguns dos lugares mais pobres do mundo, e poderia minar os esforços para combater a pobreza”.
“Há uma crescente tomada de consciência sobre a necessidade de agir rápido, de começar a adotar medidas que reduzam estes riscos”, argumentam Emal Dervis e Leire Pajín. E acrescentam que o último Relatório sobre o Desenvolvimento Humano do PNUD traz “uma segunda poderosa razão para colocar-se em marcha de forma imediata: um atraso nas medidas teria graves conseqüências para o desenvolvimento humano em alguns dos lugares mais pobres do mundo, e poderia minar os esforços para combater a pobreza”.
Além disso, o aquecimento global terá conseqüências econômicas nada desprezíveis: “Se não agirmos agora, a mudança climática aprofundará as atuais desigualdades globais de renda”, enfatizam. Uma ação coerente para mitigar a mudança climática requer uma concertação mundial, que passa por investimentos, tecnologia, mudança da matriz energética e preservação das florestas. Emal Dervis e Leire Pajín são, respectivamente, administrador do PNUD e secretária de Estado de Cooperação Internacional.Reproduzimos na íntegra o artigo publicado no El País, 7-12-2007.
A tradução é do Cepat.
Agora sabemos que o clima está mudando significativamente e sabemos, como declarou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, que a emissão de gases de efeito estufa pela atividade humana é a principal causa dessa mudança.
À medida que o nosso planeta se aquece cresce o risco de que toda a humanidade se defronte com uma série de conseqüências catastróficas devidas ao aquecimento global.
Ao derreterem-se as geleiras na Groenlândia e a na Antártida Ocidental, muitos países poderiam submergir. Uma modificação no curso da corrente do Golfo poderia acarretar drásticas mudanças climáticas e grande parte da biodiversidade poderia desaparecer para sempre.
Mesmo que se trate de riscos de longo prazo e restem muitas incertezas, há uma crescente tomada de consciência sobre a necessidade de agir rápido, de começar a adotar medidas que reduzam estes riscos.
O último Relatório sobre o Desenvolvimento Humano do PNUD, “Combatendo a mudança climática: solidariedade humana num mundo dividido”, acrescenta, além disso, uma segunda poderosa razão para colocar-se em marcha de forma imediata: um atraso nas medidas teria graves conseqüências para o desenvolvimento humano em alguns dos lugares mais pobres do mundo, e poderia minar os esforços para combater a pobreza.
Os países mais pobres sofrerão, a curto prazo, a maior parte da carga da mudança climática: maiores secas, catástrofes meteorológicas extremas, tempestades tropicais e elevação do nível do mar.
Como assinala o Relatório do PNUD que recentemente apresentamos em Brasília ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Etiópia, por exemplo, uma criança que nascer durante um ano de seca aumenta em 35% as probabilidades de estar desnutrida.
Se não agirmos agora, a mudança climática aprofundará as atuais desigualdades globais de renda. Todos os investimentos que fizemos para alcançar os Objetivos do Milênio poderiam ficar desvirtuados e se poderia produzir um atraso nos avanços em desenvolvimento humano conseguido.
De fato, mesmo que se produzisse uma mitigação imediata e efetiva, as emissões do passado já tornam inevitável um sério impacto em grande parte da África, em muitos pequenos estados insulares e nos grandes deltas fluviais da Ásia. Por isso, para além de aplacar a mudança climática, devemos também ajudar para que as populações mais atingidas possam fazer frente e adaptar-se ao inevitável.
Uma ação coerente para mitigar a mudança climática requer a participação global na redução de emissões. Mas, tanto por justiça como por factibilidade, os países ricos devem dar o exemplo com o primeiro passo. Os países em desenvolvimento contribuíram muito pouco para a quantidade de gases de efeito estufa já existentes na atmosfera e os ricos têm os recursos e a tecnologia necessárias para enfrentar uma redução de emissões imediata e profunda. Por sua vez, os países de renda média contam com capacidade para abordar seu crescimento de modo sustentável; se bem que teriam maior capacidade de aplicar um novo modelo de crescimento se contassem com o respaldo dos países industrializados.
Um dos eixos decisivos para alcançar o êxito passará, sem dúvida, por facilitar o acesso ao financiamento e tecnologia que contribuam com o esforço de mitigar, especialmente agora que os gases de vários países de renda média se incrementam de forma significativa.
A mitigação efetiva exige generalizar o estabelecimento de um preço para as emissões de gases de efeito estufa. Os sistemas incipientes de fixação de preço mostram já como isto conduz a profundas transformações no modo como produzimos e usamos a energia. Ao mesmo tempo, os países em desenvolvimento necessitam enormes investimentos para proporcionar a energia necessária para favorecer o crescimento econômico, a criação de emprego e melhorias em desenvolvimento humano. É essencial que estes investimentos sejam compatíveis com a proteção do sistema climático. Porque é o clima de todos que ficaria protegido mediante o uso de tecnologias mais limpas, em consonância com outras ações. Isto acarretará gastos adicionais, especialmente para muitos países de renda média: por isso, é necessário encontrar as fontes de financiamento adequados que lhes permitam paliar esses custos adicionais.
Além de mudar os nossos hábitos energéticos, devemos aplicar com decisão outras medidas, incluindo a proteção das florestas tropicais. Grande parte desta massa florestal se encontra no Brasil e outros países de renda média. Quando esses países protegem suas selvas, estão proporcionando um serviço universal à humanidade.
O Brasil e outros países em desenvolvimento, sem dúvida, devem fazer um esforço de proteção de suas florestas, contribuindo deste modo para a redução global de emissões. Mas esses esforços não poderiam se aprofundar caso esses países contassem com o apoio financeiro adequado da comunidade internacional? Um apoio financeiro que, sem dúvida, deve ser especialmente relevante nos países menos desenvolvidos.
Apoiar as políticas de mitigação nos grandes países em desenvolvimento assegurará que diminuam os riscos de catástrofes meteorológicas e melhore o rendimento dos investimentos que o mundo faz para promover o desenvolvimento. É o momento de uma ação concertada dos governos.
Não há desculpas.
2- A Amazônia, vilã ou vítima? Um artigo de Washington Novaes
O jornalista e ambientalista Washington Novaes em artigo para o jornal O Estado de S.Paulo, 14-12-2007, analisa o papel que joga a Amazônia no contexto das mudanças climáticas. Segundo ele, “goste-se ou não, a Amazônia brasileira continuará no centro da discussão mundial sobre clima, recursos naturais, biodiversidade”.
O jornalista destaca que na Amazônia está um terço da biodiversidade brasileira - que representa de 15% a 20% da diversidade biológica do planeta e quase 80% do fluxo de água em território brasileiro - que representam 12% do fluxo mundial.
Eis o artigo.
No momento em que este texto é escrito, ainda não há decisões finais na reunião da Convenção do Clima em Bali. Embora nenhum país costume abrir o jogo antes do prazo final (nesta sexta-feira), parece pouco provável que se chegue a mais que uma declaração de intenções sobre o desejo de um acordo para o período pós-Kyoto. Os Estados Unidos deixaram claro que não aceitarão compromissos de redução de emissões, nem mesmo menção a metas numéricas. E isso no momento em que a Agência Internacional de Energia prevê um aumento de 55% na demanda mundial por energia até 2050; prevê também que os países em desenvolvimento responderão por 74% do aumento e que até 2030 nada menos de 84% desse aumento terá de ser suprido por energias derivadas da queima de petróleo, gás e carvão. Situação complicada, já que se recomenda redução de pelo menos 50% nas atuais emissões até meados do século, para evitar que a temperatura planetária suba além de 2 graus Celsius e tenha conseqüências ainda mais graves que as de hoje.Mesmo a questão do desmatamento em florestas tropicais, inclusive na Amazônia - ele responde hoje por uns 20% das emissões totais -, esteve envolta em certa confusão. Inclusive pelo ângulo brasileiro. O embaixador Sérgio Serra assegurou que “o Brasil não quer incluir florestas nas negociações”. Já o chanceler Celso Amorim disse que a Amazônia “é a grande vítima das mudanças do clima, não sua causadora”. Se os países industrializados não reduzirem suas emissões, afirmou, “a Amazônia provavelmente desaparecerá”. No meio da semana, em evento paralelo, a delegação brasileira anunciou a criação, em 2008, de um fundo voluntário para ajudar a reduzir as emissões por desmatamento. Estabeleceu a meta interna (não como compromisso no âmbito da convenção) de 19,5 mil quilômetros quadrados anuais para o desflorestamento, que é a média do desmatamento na Amazônia entre 1995 e 2006 (segundo a secretária de Mudanças Climáticas, Thelma Krug, 59% do total das emissões por desmatamento e queimadas provêm da Amazônia). Não ficou claro se a redução atingirá outros biomas - só no cerrado, os últimos números do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) apontam para uma perda anual de 22 mil quilômetros quadrados.Goste-se ou não, a Amazônia brasileira continuará no centro da discussão mundial sobre clima, recursos naturais, biodiversidade. Ali, segundo estudo recente de várias instituições, estão estocadas 47 bilhões de toneladas de carbono, quase o dobro das atuais emissões anuais de poluentes no mundo; está um terço da biodiversidade brasileira (que representa de 15% a 20% da diversidade biológica do planeta); estão quase 80% do fluxo de água em território brasileiro (que representam 12% do fluxo mundial); estão importantes mecanismos de equilíbrio e regulação do clima no continente sul-americano e nos oceanos. Mas o desmatamento continua alto: 11.224 quilômetros quadrados de agosto de 2006 a julho de 2007 e uma nova tendência de aumentar - 8% entre julho e setembro deste ano, com altas de até 600% em Rondônia em setembro, 50% no Pará e em Mato Grosso de julho a setembro.Significativamente, o aumento exponencial em Rondônia coincide com o período em que o Estado está assumindo o licenciamento para desmatamento, que antes cabia ao governo federal. E isso coloca a questão: se o governo federal não tem estrutura para um licenciamento e monitoramento competentes, como será com o governo estadual e/ou municipal, muito menos provido de recursos, muito mais sujeito a pressões dos poderes político e econômico locais? Embora a descentralização seja teoricamente desejável, na prática os problemas se têm verificado em todas as partes do País onde ela ocorre. Na verdade, parece muito mais um “repasse do mico” que qualquer outra coisa. E, segundo o Imazon, 83% do desmatamento entre 1995 e 2007 se deve “exclusivamente às oscilações dos preços da soja e das carnes no mercado internacional” - o que agrava as pressões locais.Nove ONGs estão propondo um pacto pela valorização da floresta e pelo fim do desflorestamento na Amazônia, que permita chegar ao desmatamento zero até 2010. Custaria R$ 1 bilhão por ano - entre outras coisas, pagando, por exemplo, ao proprietário para não desmatar os 20% de floresta a quem direito em sua propriedade. Mas grande parte do desmatamento é ilegal e é feito inclusive nos 47% de terras públicas do bioma, que os governos não conseguem fiscalizar. Recentemente, publicou-se que o Ibama tem 58 fiscais no Estado do Amazonas, com 1,6 milhão de quilômetros quadrados, ante 61 no Distrito Federal (5,8 mil km2). O monitoramento no sul do Amazonas é feito a 500 quilômetros de distância, por satélite.A professora Bertha Becker, cientista de alta reputação na área, observa que “a floresta precisa ter valor econômico; se não tiver, vai perder para a soja e a carne”. Outro cientista renomado, o professor Ignacy Sachs, afirma que o bioma pode vir a ter a “civilização da biomassa” - geradora de alimentos, combustíveis, cosméticos, medicamentos - se investir pesadamente em formação de mão-de-obra e ciência. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência também já propôs forte investimento em pesquisa da biodiversidade e formação de cientistas, ao lado do desmatamento zero e da utilização de 700 mil quilômetros quadrados já desmatados para a expansão de atividades econômicas. Mas como fazer, se outros especialistas lembram que custa três vezes menos promover um desmatamento ilegal do que trabalhar de acordo com a lei?Por difícil que seja aceitar, até aqui não se fez melhor que os índios para a conservação da floresta e dos serviços naturais, principalmente na Amazônia - repetiu na semana passada o presidente da Funai, Márcio Vieira, ao visitar a devastada Rondônia.
3- Última década é a mais quente da história
Os termômetros da OMM (Organização Meteorológica Mundial) registraram as mais altas temperaturas da história no decênio entre 1998 e 2007. O anúncio ocorreu ontem em Bali, durante a conferência do clima. A notícia encontra-se nos principais jornais do dia de hoje, 14-12-2007.O ano de 2007, segundo a instituição, caminha para ser o sétimo mais quente desde que começaram o registro das temperaturas, disse Michel Jarraud, secretário-geral da OMM. A temperatura média deste ano está 0,41C superior a média dos anos 1961-1990. Além disso, 2007 registrou desastres meteorológicos de excepcional violência, disse Jarraud, em Bali.Os registros vindos do Ártico também carregam um recorde negativo. A superfície do gelo polar, que no final do verão boreal era de 4,28 milhões de km2, está 39% menor em relação a medida média do período que vai de 1979 a 2000. E, ainda, 23% mais baixa do que o menor número já registrado. Este outro recorde negativo havia ocorrido em 2005.Desde o início do século 20, diz o informe da OMM, a temperatura média do planeta aumentou em 0,74C. Mas este aumento não teve um comportamento uniforme. Nos últimos 50 anos do século, as temperaturas aumentaram em um ritmo equivalente ao dobro do período anterior.O estudo da OMM, diz Jarraud, confirma a evidência de que o aquecimento global é fruto da atividade humana. O dirigente da instituição também faz parte do IPCC, o painel do clima da ONU.
4- ‘Não dizemos para os outros o que devem fazer’. Entrevista com o representante dos EUA na Cúpula de Bali
C. Boyden Gray, embaixador dos Estados Unidos na União Européia e um dos negociadores de George W. Bush na Cúpula do Clima de Bali. Em entrevista ao El País, 12-12-2007, afirmou que os Estados Unidos estão fazendo mais para mitigar os efeitos da mudança climática do que todos os outros países juntos.
A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista.
A mudança climática é uma verdadeira ameaça ou está superdimensionada?
Não sei. Mas estou convencido de que precisamos muito, muito rápido, diversificar as nossas fontes de energia do petróleo e do gás por razões de segurança energética. Isto é necessário mesmo que as avaliações da mudança climática sejam exageradas.
Como vê o encontro de Bali?
Estão pré-julgando resultados que deveríamos estar debatendo e não decidindo.
Refere-se à redução dos gases de efeito estufa entre 25% e 40% para os países desenvolvidos em 2020 como sugerem as propostas?
Sim. É uma impossibilidade física. Não apenas para os EUA. Tampouco a Europa pode cumprir esse objetivo. O estranho de Bali é que tudo caminha na direção de pedir menos aos países em desenvolvimento e não podemos fazer isso. Precisamos da China e da Índia cooperando.
É fisicamente impossível essa redução de emissões?
Acredito que sim. A Europa fala em reduzir as suas emissões em 20% para 2020. Vai ser muito difícil.
Por que considera que a União Européia insiste nessa meta se não pode cumprir?
Não sei. Nosso Congresso tem dito que não vai deixar os países em desenvolvimento fora das metas por muito tempo. Ninguém acredita que esses países devem ter o mesmo nível de redução que os EUA e a Europa, mas precisam assumir algum compromisso.
Algumas obrigações?
Sim. Pode ser nos primeiros anos um teto para o crescimento e que a partir daí reduzem as suas emissões. Não acredito que a União Européia aceite até isso. Os países em desenvolvimento vão continuar fabricando produtos para exportação se não se estabelecem limites para as emissões.
Será um fracasso para os EUA se esse ‘mapa final’ incluir essa cifra de redução? As Nações Unidas afirma que não se trata de um objetivo, mas sim de uma meta.Há um mínimo, 25%, e isso todo mundo pode ver que é um objetivo. Nós temos uma política muito agressiva para os transportes em 2020, enquanto que a União Européia não o inclui. Vamos substituir 20% da gasolina em 2020 e há muitos especialistas dentro do governo que não garante que isso venha a acontecer sem nova tecnologia. Eu acredito que conseguiremos.
Acredita que o mundo entraria em recessão com esses objetivos?
Meu temor é que o público americano rejeite. E me pergunto se a opinião pública européia aceitaria essa obrigação. Basta dos carros grandes na Alemanha. Isto seria o fim da indústria alemã de automóveis.
Os EUA aceitariam objetivos obrigatórios?
Já os temos.
Mas em um acordo internacional, aceitariam?
Estamos negociando.
Estão abertos?
É claro. Temos que substituir o petróleo e o carvão, conseguir carbono limpo, evitar que se queime as florestas tropicais, reduzir a poluição das cidades da Ásia. Estes poluentes são assassinos e há milhões de mortos em todo o mundo. Se abandonarmos os combustíveis fósseis evitaremos esses problemas. Temos que substituir os combustíveis fósseis por razões de saúde pública. Mas queremos isto bem feito, como se fez no protocolo de Montreal. O presidente propôs uma lei para se chegar em 20% de biocombustível que será obrigatório. Kyoto não chega a tanto. Não há como querer que o Reino Unido obrigue a Espanha a cumprir seus objetivos. Mas se nós não fizermos o que o presidente propõe, temos os tribunais. Massachusetts, Califórnia ou alguns ecologistas podem nos levar aos tribunais. E garanto que o farão. Não dizemos que vamos fazer algo e depois olhamos para o outro lado.
Como a Europa?
Eu não disse isso.
O primeiro ministro australiano, Kevin Rudd, vem a Bali ratificar Kyoto. O que lhe diria?
Sobre o quê?
Sobre o fato de que deixará apenas os EUA fora do protocolo.
A Austrália já alcançou os objetivos que tinha para com o Protocolo de Kyoto.
Um chinês emite 4 toneladas de CO2, um americano 20. É justo pedir que reduzam?
A China diz que o CO2 da atmosfera é responsabilidade do Primeiro Mundo e isso não é correto. Em breve irá se publicar um estudo que diz que tendo em conta o desmatamento, a nossa contribuição e a da China é a mesma no último século.Onde está este estudo?Sairá em breve.
Não é raro ver a maior superpotência isolada...
Não estamos isolados. Temos os limites mais agressivos que estão em marcha, antes mesmo que a Europa tenha os seus. Estamos gastando mais dinheiro em tecnologia do que todos e temos liderado tratados que tem feito mais pela mudança climática do que Kyoto. Sabe qual foi o resultado de Montreal?Queda reduzida da emissão de clorofluorocarburos.E isso solucionou o problema da camada de ozônio. Esse acordo supôs uma redução de gases de efeito estufa 10 vezes maior do que Kyoto.
Mas a concentração de CO2 continua aumentando e é o principal gás do efeito estufa, não os cloroflurocarburos.
Para os europeus e para muitos países em desenvolvimento lhes preocupa que com o dinheiro que estamos gastando, privado e público, geraremos estas tecnologias e então as compartilharemos com os europeus.
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