Freud:
"O objeto da psicanálise é de reforçar o Ego, de torná-lo mais independente do Superego, de ampliar seu campo de visão estendendo sua organização de tal maneira que ele possa apoderar-se de novas regiões do Id. Onde era o Id será o Ego."
Acerca dessa passagem, comenta Cornelius Castoriadis:
"Este fim é de reintegração, de acordo, eu diria, de reconciliação.
(...)
A máxima de Freud deve ser compreendida como remetendo não a um estado concluído, mas a uma situação ativa; não a uma pessoa ideal que se tornaria Ego definitivamente, realizaria um discurso exclusivamente seu, jamais produziria fantasmas - mas a uma pessoal real, que não pára seu movimento de rotomada do que havia sido adquirido, do discurso do Outro, que é capaz de revelar seus fantasmas como fantasmas e não se deixa finalmente dominar por eles - a mesnos que assim o deseje. Não se trata daí de um simples "tender para", é uma situação, ela é definível por características quetraçam uma separação radical entre ela e o estado de heteronomia. Essas características não consistem em um "tomada de consciência" efetuada para sempre, mas sim numa outra relação entre consciente e inconsciente, entre lucidez e função imaginária, em uma outra atitude do sujeito relativamente a si mesmo, em uma modificação profunda da mistura atividade-passividade, do signo sob o qual esta se efetua, do respectivo lugar dos dois elementos que a compõem. O fato de que poderíamos completar a proposição de Freud pelo seu inverso: Onde é o Ego, o Id deverá surgir, mostra quão pouco se trata, em tudo isso, de uma tomada de poder pela consciência no sentido estrito. O desejo, as pulsões - quer se trate de Eros ou de Thanatos - sou eu também, e trata-se de levá-los não somente à consciência, mas à expressão e à existência." (In.: A Instituição Imaginária da Sociedade, Ed. Paz e Terra, pags. 123 e 126)
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