- natureza x cultura
- inconsciente x consciente
- indivíduo v coletivo
- público x privado
- comunidade x sociedade
- dominados x dominadores
- objeto x sujeito
- intuição x pensamento analítico
- ação x passividade
É dizer: a crítica da razão não pode pretender se desdobrar apenas em ação política ou econômica; que a transformação coletiva pressupõe um transformação individual; que a busca por uma alternativa concreta ao cotidiano moderno passa pela vida comunitária; que o colapso da comunicação e do diálogo - a crise da arte e da linguagem - somente pode ser superado por um movimento de reconciliação psíquica; enfim, que o processo de "autonomização" (atomização ?) das esferas deve ser detido em seu conjunto, pois sendo ele próprio produtor e expressão dos sintomas e resíduos, localiza-se na fragmentação e na negatividade uma fonte e uma expressão dessa cisão, onde quer que elas se manifestem (2).
De igual forma, podemos e devemos buscar, em cada configuração cultural hegemônica as bases emocionais em que ela se apóia e se desdobra: se, como em Freud e Elias, a modernidade foi a expressão da vergonha, poderíamos especular: a burocracia não se apoiaria no medo, sendo esta "a" emoção da pós-modernidade ?
É certo que importantes movimentos surgiram na história moderna como "brechas". Citamos o Situacionismo e a Revolução de 1968. Poderíamos, é claro, acrescentar sobretudo o Romantismo e os mivimentos contra-culturais do século XX. Por tras do aparente fracasso de seus resultados, encontramos importantes contribuições de fundo que merecem atenção. Por isso, tais "momentos" encontram-se no horizonte das análises a serem expostas em Diacrianos.
Urge, assim, um movimento de afirmação e de positividade radicais, posto que o sistema ideológico hegemônico cria e se alimenta da negatividade e da própria crítica: a configuração atual já foi muito apropriadamente taxada de "neo-Dadaísta" e, acrescento, alimenta-se de tudo o quanto contra ela é arremessado.(3)
Diacrianos, portanto, é uma janela, uma tentativa de brecha que encontra seu impulso nesse movimento de integração, sendo, ela própria, a expressão de inquietações filosóficas/emocionais, que tenta romper as dimensões público/privado, individual/coletivo.
Notas
(1) Esse esboço encontra-se neste Blog, sob o título "Grupo de Estudos... ", de 24 /05/2007.
(2) Por exemplo, no multiculturalismo de inspiração anglo-saxã, que se desdobra em políticas de ação afirmativa e que buscam aprofundar a fragmentação em curso.
(3) Aqui devo mencionar o Budismo, pois penso que essa positividade libertadora encontra sua formulação mais profunda nessa filosofia/prática.
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