Transcrevo abaixo um resumo extraído do Blog Polis+Arte (http://a8000.blogspot.com/2007/09/renda-universal.html).
O assunto é importante e traz conexões com as idéias de Jean Zin (cujo resumo podemos encontrar no verbete da wikipedia: http://fr.wikipedia.org/wiki/Jean_Zin, bem como em seu próprio Blog: http://jeanzin.fr/.
O cientista político Giuseppe Cocco defende na entrevista com Ana Paula Conde a necessidade de uma renda universal.Abaixo algumas observações sobre a questão, várias delas presentes no excelente livro de André Gorz, L'immateriel
- O capitalismo está ligado à miséria também e por isso é necessário ações anti-capitalistas
- Destruir o capitalismo é ação inoperante e frequentemente violenta e pior sem ele.
- O anti-capitalismo é uma ação da sociedade - frequentemente encabeçada pelo estado - no interior do capitalismo.
- A falta de garantia de uma renda suficiente é o poder do capital.A renda universal garante a liberdade para um trabalho imaterial - cuidados com o outro, produção artística, de softwares livres, doméstico, de ensino, de política, etc - terá uma gratificação material separada do capitalismo e do trabalho dependente.
- A renda universal marca a importância das atividades não assalariadas nem dependentes.
- Desemprego não é igual a inatividade ou inutilidade. Para o capitalismo ele é garantia da possibilidade de explorar muito. A RMU garante um poder mínimo de negociação no campo do trabalho assalariado.
- O trabalho imaterial, a riqueza social do líder comunitário, da mãe de família, da professora da creche da comunidade, do programador de softwares etc, não é mensurável e pode ser igualmente paga, criando um novo paradigma para o trabalho e para a inserção social.
- A mão de obra não é mais necessária para a produção de valor, mas a produção de valor, feita por poucos tem total condições de sustentar a produção de valores simbólicos, afetivos e não transformáveis em dinheiro.
- "A renda universal nos libera de uma falsa idéia de um pleno emprego para a realidade do pleno emprego da vida" Laurent Guilloteau.
- A renda mínima garantida visa liberar as vidas para atividades mais ricas e de maior valor social do que as que hoje o capitalismo propõe a uma boa parte da população.
- Porque nas ruas do Brasil ou do México há o mesmo número de pessoas vendendo produtos chineses e produtos com açucar que pessoas indo de um lugar a outro.
- A RMU só é possível porque o capitalismo se transformou. Se no fordismo a principais matérias primas eram raras - metais, força física, energias - no capitalismo cognitivo, a principal matéria prima é abundante e o seu consumo não há extingue, ao contrário, aumenta sua quantidade e potência - informação, criação, invenções subjetivas, de maneira ampla; o conhecimento.
- Inventar a vida não pode ser a mesma coisa que inventar uma empregabilidade, como vemos hoje nos jovens de 18/20 anos.
- Porque fora do mercado se produz valores mais importantes para a vida que dentro dele.
- A RMU é um revolução dentro do capitalismo porque hoje o capitalismo é assim. Ela deve ser incondicional. Não há poder que tenha condição de avaliar o que é produção de valor social o que não é.
- É importante ensinar a pescar, dizem. Uma bela imagem para um mundo sem rios e sem pesca. Ensinar a pescar hoje não pode ser ensinar a servir o capital, mas a inventar uma vida de valor comum.
- A RMU é a maneira de levar a fundo as transformações do capitalismo contemporâneo não permitido que ele se apodere da informação e do conhecimento universalisado. O discurso contra a pirataria e a favor do direito autoral é paradigmático desta tentativa capitalismo se apropriar do que não mais lhe pertence, do que é comum.
- O fundamental da RMU não é desvalorizar o trabalho, mas valorizar o trabalho que não cabe dentro das estruturas capitalistas e liberar o indivíduo da obrigação de aceitar qualquer trabalho para sobreviver.
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