Em relação à integração empreendida pelo sistema ideológico, proponho a seguinte questão, diretamente relacionada às reflexões situacionistas.
Estou partindo do caráter fragmentador do capitalismo e que deu causa à chamada "crise da cultura" contemporânea.
Em relação a esse diagnóstico (fragmentação, perda do sentido), as vanguardas do século XX adotaram a posição bem conhecida, de proceder ao descondicionamento mediante desestruturação da própria linguagem. Pois bem : em se tratando de um sistema ideológico que prima, ele próprio, pela fragmentação, talvez esteja aí a causa que redundou na absorção ideológica dessaas vanguardas. A desconstrução vanguardista "resvala" para a própria ideologia, por se limitar à negatividade. O sistema se alimenta de uma negatividade desconstrutora: a perda do sentido, seja ela qual for, "nutre" a ideologia.
2 comentários:
Numa de nossas conversas já levantamos a questão do fim de uma metafísica que dê sentido às coisas. O mundo seguiu um rumo, desde o século XVII, em que o princípio "científico" de que o conhecimento do mundo é empírico dominara todo discussão filosófica. Diante de empiricistas e céticos, Kant foi o primeiro a tentar conciliar experiência e metafísica, mas para isso ainda recorria a princípios tais como a existência de Deus, a imortalidade e a liberdade incondicionada da alma. Muitos outros após Kant ainda recorreram a esse "artifício". Aonde estará, no campo da filosofia, uma proposta que não recaia sobre esses princípios ainda estou para descobrir.
Bem, tudo isso pra dizer que, talvez, a chave de um pensamento e uma práxis libertários passe por dois princípios fundamentais; libertar-se de "sistemas condicionados" buscando incessante o novo, o que deve incluir a acesso àquele "desejo onírico" sugerido em outro texto; e, a volta de uma metafísica, ou seja, da busca do que seja o princípio norteador de tais pensamentos e ações.
Dar verdadeiro sentido às coisas num mundo de "coisas ocas" parece "revolucionário", mas também impossível.
A filosofia não dará essa luz. Servirá, entretanto, para esclarecer esse ponto e distinguir a natureza do mal e da banalização deste. Mas, ironicamente, parece que estamos sempre tangenciando "aquela" idéia, de uma metafísica absoluta...
"Refreia todos os teus desejos. Deixa crescer o mofo nos lábios. Transforma-te numa peça de seda imaculada. Deixa que teu único pensamento seja a eternidade. Procura assemelhar-te às cinzas mortas, frias e sem vida, ou sê como um velho incensório num santuário abandonado de uma aldeia! Põe tua fé nisso e disciplina-te. Deixa que teu corpo e tua mente se tornem objeto da natureza, tal uma pedra ou um pedaço de madeira. Quando um estado de perfeita imobilidade e inconsciência é obtido, cessarão todos os sinais de vida e mesmo os traços de limitação. Nenhuma idéia te perturbará a mente. Até que, súbito, descobrirá uma luz brilhando no seio de uma alegria imensa! É como cercar-se da luz no meio das trevas. Como receber um tesouro na pobreza.(...)"
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