sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O "Filme" da pós-modernidade

Reproduzi abaixo, apenas a título de ilustração, 3 pequenas notícias, quase tiradas a esmo, publicadas entre ontem e hoje. Nos moldes do que ocorre no cinema – onde a seqüência de imagens permite ao espectador conferir um sentido coerente – a “montagem” abaixo estabelece um quadro que suscita uma reflexão acerca da pós-modernidade.

A quarta notícia permitiria uma esperança, porém uma reflexão mais atenta se faz necessária, pois demonstra, na verdade, que a luta, o antagonismo em uma sociedade alienada já se dá em um terreno previamente demarcado; na "sociedade do espetáculo", todos brigam por um pedaço do palco, não questionando o próprio teatro (em ambos os sentidos).

A solução ?

Não há soluções “prontas”, mas acredito e sinto que uma pista se encontra na postagem mais abaixo (vide “O Gosto da Liberdade”)

04/10/2007
09h49
Senado francês aprova teste de DNA para imigrantes

O senado francês aprovou, na noite desta quarta-feira, um polêmico projeto de lei que prevê o uso de testes de DNA em imigrantes que querem entrar na França alegando ter parentes morando no país.A proposta do governo, que já foi aprovada pelos deputados no mês passado, prevê que pessoas com mais de 16 anos que desejam emigrar para a França, façam testes de DNA em seu país de origem. Segundo as novas regras, o candidato deverá demonstrar conhecimentos da língua francesa e dos "valores" da República, além de comprovantes de renda e de documentos que atestem que a família tem condições de recebê-lo.O projeto do governo do presidente Nicolas Sarkozy teve de ser alterado na última hora para conseguir a aprovação dos senadores.Uma das mudanças prevê que o governo francês vai arcar com o custos dos testes, uma forma de evitar acusações de discriminação contra os requerentes que não têm dinheiro para pagar o exame. A outra alteração prevê que serão testados apenas o DNA materno para evitar possíveis disputas por testes de paternidade. O governo francês planeja aplicar os exames de maneira experimental durante de 18 meses.O projeto tem sido alvo de críticas da oposição e de grupos de direitos humanos, que acusam o governo de racismo e questionam o uso da genética nas regras de imigração.O governo acredita que os testes vão acelerar a entrada de imigrantes que provarem relações de parentesco e argumentam que outros 12 países europeus já adotaram medidas semelhantes. O projeto agora volta para a Câmara dos Deputados antes de virar lei.

05/10/2007
05h55
Tribunal dos EUA multa mulher por pirataria na internet

A indústria fonográfica americana ganhou nesta quinta-feira uma de suas maiores batalhas na luta contra a pirataria de músicas pela internet.Um tribunal do estado de Minnesota decidiu que Jammie Thomas, uma mãe solteira de 32 anos, deverá pagar uma multa de US$ 220 mil (R$ 400 mil) por ter baixado e compartilhado ilegalmente 24 músicas usando a rede de computadores. As seis gravadoras que estão processando Thomas cobraram US$ 9,250 (R$ 17 mil) por cada música pirateada, mas a multa poderia ter chegado a milhões de dólares, pois segundo as empreas ela teria compartilhado até 1.700 músicas pela internet. O advogado de Thomas, Brian Toder, disse que a mulher chorou ao ouvir o veredicto e que ela poderá ter um quarto de seu salário comprometido para o resto de sua vida. O advogado das gravadoras, Richard Gabriel, disse que o veredicto foi importante porque "alerta as pessoas para as conseqüências de se infringir a lei". Para o Los Angeles Times, a vitória é um passo importante na campanha lançada há quatro anos pela indústria fonográfica contra pirataria.Até agora, a Associação Americana da Indústria fonográfica (RIAA, na sigla em inglês) já entrou com 26 mil processos contra indivíduos acusados de compartilhar músicas pela rede, mas esta é a primeira vez que uma disputa vai parar no tribunal. Mais de 10 mil processos já foram resolvidos, depois que os acusados concordaram em pagar até US$ 5 mil (R$ 9 mil) por infringir as leis de direitos autorais.

5/10/2007
A exclusão é a regra da cibercultura e não a inclusão, afirma especialista

"O mercado exige dromoaptidão, ou seja, a capacidade de ser veloz. O mercado está cada vez mais dromocrático. Essa exigência cumpre a função de seleção. Mas é uma violência, porque sobrepesa aos conhecimentos que já eram exigidos. E é pantópica, vem de todos os lados." A afirmação é de Eugenio Trivinho, autor do livro "A Dromocracia Cibercultural" recém-lançado pela Editora Paulus. O autor foi entrevistado por Jorge Felix e a entrevista foi publicada pelo jornal Valor, 4-10-2007.

Eis a entrevista.

Ainda é possível viver fora da lógica da velocidade?
Não, desde que se considere que o indivíduo necessita, para integrar-se ao mercado de trabalho, estar em sintonia com a época. Pela sua sobrevivência e para integrar-se também aos produtos de lazer, os games. A época exige um domínio das chamadas senhas infotécnicas de acesso. Deixa para aqueles que não entraram, não têm necessidade de entrar ou saíram do mercado de trabalho a prerrogativa de rescisão a esse domínio dos instrumentos, das linguagens ou dos conhecimentos. No entanto, há muito pouca brecha para escape. A tecnocracia é a mais penalizada. Os executivos certamente não desfrutam do privilégio concedido pela época de não precisar responder a todas as exigências dromo- cráticas. Apenas o tecnófobo pode dizer "não".

Quais são as conseqüências desse fenômeno para a qualificação profissional?
A primeira é a inexorabilidade da sobrecarga civilizatória. O indivíduo deve dominar essas infotécnicas, mesmo para funções nas quais esse conhecimento sequer é um requisito. Isso faz parte da incorporação da violência típica desta época. O mercado exige dromoaptidão, ou seja, a capacidade de ser veloz. O mercado está cada vez mais dromocrático. Essa exigência cumpre a função de seleção. Mas é uma violência, porque sobrepesa aos conhecimentos que já eram exigidos. E é pantópica, vem de todos os lados.

É nesse aspecto que a dromocracia revela-se típica de uma época violenta?
A cibercultura não é apenas uma época. É um processo civilizatório e busca sua perpetuação no tempo. É a fase atual do capitalismo tardio. Há um sobrepeso aos ombros de todos, embora a época estipule quem domina as novas senhas e quem não deve dominá-las, porque a seleção é econômica ou cognitiva. Esse sobrepeso se faz com requintes. Ela aponta para o horizonte sem definir o rumo. Existe uma cobrança para o domínio do ciberespaço, mas é doce, sutil, uma pressão social invisível. Diz: "Você deve dominar essas senhas, que prometem 'garantir' sua inclusão na cibercultura".

Essa promessa é de fato cumprida?
É apenas um discurso. Vive do caudal publicitário das megaindústrias do ramo. Mas desse processo fazem parte governo, terceiro setor, provedores de acesso e também a massa de consumidores que aderem sem reflexão aos produtos. A lógica da cibercultura vive dessa dinâmica da reciclagem info-tecnológica estrutural. Não basta dominar uma senha. É necessário que esta senha esteja sempre atualizada. Mas, para esse acompanhamento há a necessidade de formação de capitais econômico e cognitivo.
E a mudança é cada vez mais rápida.
O coração desse movimento é a reciclagem estrutural, a passagem de uma "mais potência" para outra. Do hardware 486 para o Pentium 1, por exemplo. Ou seja, não basta qualquer senha. O tempo de reciclagem hoje é de seis meses para todos os componentes. Nunca tivemos taxa de reciclagem tão alta para outras modalidades de objetos tecnológicos, como carro e televisão.

Os indivíduos, empresas ou governos conseguem acompanhar?
Esta é a síntese da lógica da reciclagem: a violência. Invisível. As indústrias do ramo têm necessidade de fazer girar o capital. O capitalismo cibernético tem necessidade de reprodução. Todos, governos, empresas, nações, todos devem se vergar à lógica da mais potência. É um ódio valorativo ao que estava vigorando antes, como se o 4.0 fosse melhor que o 3.0, como se o Windows 98 fosse melhor que o 95. Isso é uma falácia. A lógica nos convence que status é ter acesso a senhas atualizadas.
E, como mudam rápido, cada vez criam mais excluídos.
A equação da época, com seus requintes sutis, diz: é necessário desenvolver um domínio privado, a partir do dromo, com computador em casa, pleno, com todas as senhas info-técnicas atualizadas, e capital cognitivo para ter lugar ao sol da cibercultura. Aí começa o drama do nosso processo civilizatório. Esse domínio não é dado a todos. Abre-se, portanto, o fosso que separa uma elite, a nova, elite tecnológica, e aquela massa dromoinapta que não o é porque quer, é porque o processo é darwinista. Aí ocorre uma super exclusão. A exclusão é a regra da cibercultura e não a inclusão.

É um desafio para a política de inclusão digital?
Pensar na inclusão digital, como forma de inclusão social, é utopia. A inclusão digital só pode assim ser pensada como meta a ser cumprida no âmbito civilizatório. Sistema escolar, governos, fundações, ONGs podem trabalhar para saldar uma dívida. A escala é civilizatória. Não é localizada nem reduzida a uma época. A civilização tenta se desdobrar porque as necessidades comparecem e a sociedade tem que dar conta. Nós sabemos que o Estado, o capital, o terceiro setor, ao falarem de acesso universal, fazem apenas um discurso. A época exige acesso privado pleno. O discurso deixa entender que o acesso universal já inclui socialmente. Essa filigrana é que precisamos notar. Sem isso, caímos numa ingenuidade política de que apenas a popularização dos equipamentos vai flexibilizar o acesso. É bom lembrar que o barateamento ocorre para os equipamentos defasados, quando a mais potência já se deslocou para categorias que têm capacidade econômica e cognitiva para acompanhar a reciclagem estrutural. É essa diferenciação interna da dromocracia cibercultural que marca a complexidade da exclusão.

31/8/2007
O garoto do iPhone

George Hotz, um garoto de 17 anos morador de Nova Jersey conseguiu, com a ajuda de 4 amigos, desbloquear o seu iPhone. Ganhou as manchetes de todo mundo. A façanha de George Hotz – nova geração de “entusiastas da abertura, da liberdade e da divisão do conhecimento” - é comentada pelo economista Ricardo Cianciaruso em seu blog, “É Nóis” – portal do sítio Época negócios, 29-08-2007.

Eis o comentário.

Vale explicar que a Apple fechou um acordo de exclusividade com a operadora de telefonia AT&T. Só os clientes da AT&T poderiam falar no iPhone. Mas o plano de celular do garoto era da T-Mobile. E aí ele foi à luta. Precisou de mais de 500 horas de trabalho para fazer o seu iPhone funcionar na T-Mobile. Seu blog oferece um guia, passo a passo, de como fazer o mesmo (olhar na coluna da direita).

Além de ser mais uma prova do poder do consumidor na Era Digital, razão de existir desse blog, o episódio me diz que acordos como os da Apple com a AT&T estão com os dias contados. Para mim esse tipo de acordo é um jeito antigo de fazer negócios. É antipático. Pode até ser um bom negócio para Apple no curto prazo, mas acho que não tem vida longa. Mais cedo ou mais tarde garotos como o George Hotz descobrem uma saída que rapidamente se espalha no boca a boca digital.

Mas o maior prejuízo nesse caso é para a imagem da Apple. Uma empresa moderna, antenada e inovadora não deveria obrigar as pessoas a abrir uma conta na At&T para usar seu iPhone. Minha opinião. Isso mostra uma faceta antiquada da empresa. Não combina com o Zeitgeist dessa nova geração, que você vê nas propagandas da Apple usando seus iPods.

Como já escrevi, em referência a uma coluna do El Pais, “essa geração não compactua com o individualismo típico dos anos 90. Essa turma das comunidades virtuais, da Wikipedia e dos blogs tende a ser mais solidária, mais participativa e mais ativa que a geração passada. Nutrem a convicção, e a ilusão, de que ao agir dessa maneira podem ajudar a construir um mundo melhor. São entusiastas da abertura, da liberdade e da divisão do conhecimento”. Essa é a geração de garotos como o George Hotz.

O Gosto da Liberdade

Ofereço aos leitores um precioso presente: trata-se de um fragmento da obra "O Gosto da Liberdade", do Mestre Ajaan Chah, extraído do site http://www.acessoaoinsight.net/ e cujo conteúdo completo pode também ser acessado naquele site.

Achei conveniente também transcrever a seguinte nota do tradutor:

"As palestras traduzidas neste livro foram todas extraídas de antigas gravações em fitas K-7 do Venerável Ajaan Chah, algumas em Tailandês e algumas no dialeto do Nordeste da Tailândia, a maioria delas gravadas com equipamento de má qualidade sob condições pouco adequadas. Devido a isso o trabalho de tradução apresentou algumas dificuldades que foram superadas omitindo ocasionalmente passagens que não estavam claras e em outras ocasiões solicitando o auxílio de outros ouvintes mais familiarizados com os idiomas. Todavia, houve inevitavelmente alguma edição durante o processo de elaboração deste livro. Além das dificuldades apresentadas pela falta de claridade das fitas, existe também a necessidade de um processo de edição quando se passa do meio verbal para o meio escrito. Por esse processo, o tradutor assume inteira responsabilidade.

As palavras em Pali foram em certos casos mantidas enquanto que em outros casos foram traduzidas. O critério foi a facilidade da leitura. Aquelas palavras em Pali consideradas suficientemente curtas ou familiares aos leitores versados na terminologia Budista, foram deixadas sem tradução. Isso não deve representar nenhuma dificuldade pois elas em geral são explicadas pelo Venerável Ajaan no transcurso da palestra. Palavras mais longas ou que provavelmente não são do conhecimento do leitor típico foram traduzidas. Dessas, existem duas que são dignas de nota. Elas são Kamasukhallikanuyogo e Attakilamathanuyogo, que foram traduzidas respectivamente como Entregar-se ao Prazer e Entregar-se à Dor. Essas duas palavras ocorrem em nada menos que cinco das palestras incluídas neste livro e embora as traduções aqui utilizadas não são aquelas que em geral se empregam, elas refletem adequadamente o sentido que o Venerável Ajaan lhes aplica.

O Venerável Ajaan Chah sempre proferia as suas palestras em linguagem simples, do cotidiano. O seu objetivo era de esclarecer o Dhamma, não de confundir os ouvintes com uma dose excessiva de informações. Por conseguinte as palestras aqui apresentadas foram passadas de forma simples para o inglês. O objetivo foi o de apresentar os ensinamentos de Ajaan Chah tanto na sua essência como na sua forma.

Nesta terceira edição do O Gosto da Liberdade, foram feitas correções a algumas passagens que estavam compostas de forma desajeitada, esperando assim que existam menos dessas ocorrências do que nas primeiras edições. Por essas imperfeições o tradutor assume responsabilidade e espera que o leitor tenha paciência com as eventuais deficiências literárias de forma a receber o benefício completo dos ensinamentos aqui contidos.
"

Sobre o Autor

O Venerável Ajaan Chah (Pra Bhodinyana Thera) nasceu em uma típica família camponesa no vilarejo de Bahn Gor, na província de Ubol Rachathani, na região Nordeste da Tailândia em 1917. Ele viveu a primeira parte da sua vida como qualquer outra criança da região rural na Tailândia e, de acordo com o hábito local, ele se ordenou como noviço durante alguns anos no Wat do vilarejo, lá ele aprendeu a ler e escrever, além de receber alguns ensinamentos básicos sobre o Budismo. Após alguns anos ele retornou para a vida leiga para ajudar os seus pais, mas sentindo uma grande atração pela vida monástica, com vinte anos ele novamente entrou em um Wat, desta vez para uma ordenação mais elevada como bhikkhu, ou monge Budista.

Ele passou os primeiros anos da sua vida como bhikkhu estudando as escrituras e aprendendo o Pali, mas a morte do pai o despertou para a impermanência da vida e incutiu nele o desejo de encontrar a real essência dos ensinamentos do Buda. Ele passou a viajar para outros monastérios, estudando a disciplina monástica em detalhe e passando um breve, porém importante período com o Venerável Ajaan Mun, o Mestre de meditação mais destacado da tradição ascética de florestas. Após o seu período com o Venerável Ajaan Mun, ele passou alguns anos viajando pela Tailândia, vivendo nas florestas e em cemitérios, lugares ideais para o desenvolvimento da prática meditativa.

Finalmente, ele acabou chegando na vizinhança do vilarejo onde havia nascido e quando souberam que ele se encontrava na região, o convidaram para estabelecer um monastério na floresta de Pa Pong, um lugar que naquela época era conhecido como a moradia de animais selvagens e fantasmas. A perfeita abordagem de meditação do Venerável Ajaan Chah, ou prática do Dhamma, e o seu estilo simples e direto de ensino, com ênfase na aplicação prática e uma atitude equilibrada, atraiu uma grande quantidade de seguidores monásticos e leigos.

Em 1966, o primeiro ocidental veio para ficar no Wat Pa Pong, o Venerável Sumedho Bhikkhu. Daquele momento em diante, o número de estrangeiros que buscaram Ajaan Chah foi crescendo continuamente, até que em 1975, foi estabelecido Wat Pa Nanachat, o primeiro monastério afiliado para pessoas do ocidente e de outras nacionalidades que não a Tailandesa, tendo o Venerável Ajaan Sumedho como abade.

Em 1976 o Venerável Ajaan Chah juntamente com Ajaan Sumedho foram convidados para ir à Inglaterra e como resultado, acabou sendo estabelecido o primeiro monastério afiliado ao Wat Pa Pong fora da Tailândia. Desde então outros monastérios afiliados foram estabelecidos na Inglaterra, Suíça, Austrália, Nova Zelândia e Itália.

Em 1980 o Venerável Ajaan Chah começou a sentir de maneira mais aguda os sintomas de vertigem e lapsos de memória que ele vinha sentindo ao longo de alguns anos. Isso acarretou uma cirurgia em 1981 que, no entanto, fracassou no seu objetivo de reverter o processo de paralisia, que, afinal, fez com que ele ficasse confinado à cama e impossibilitado de falar. No entanto, isso não inibiu o crescimento do número de monges e pessoas leigas que vinham para praticar no seu monastério, para eles os ensinamentos de Ajaan Chah serviam como guia e inspiração permanentes.

O Gosto da Liberdade

Por: Ajaan Chah

Sobre Meditação

Acalmar a mente significa encontrar o equilíbrio correto. Se você tentar forçar a sua mente em demasia ela irá longe demais, se você não se esforçar o suficiente ela não irá chegar lá, ela perde o ponto de equilíbrio.

Normalmente a mente não está tranqüila, ela está se movendo o tempo todo, lhe falta força. Fortalecer a mente e fortalecer o corpo não é a mesma coisa. Para fortalecer o corpo necessitamos exercitá-lo mas para fortalecer a mente significa fazer com que ela fique em paz, que não fique pensando acerca disto ou daquilo. Para a maioria das pessoas a mente nunca esteve em paz, ela nunca teve a energia de samadhi, [1 ] por isso, devemos colocá-la dentro de limites. Sentamos em meditação, permanecendo com Aquele que sabe.

Se forçamos a nossa respiração para que seja muito longa ou muito curta, não estaremos em equilíbrio, a mente não ficará em paz. É o mesmo quando usamos uma máquina de costura com pedal pela primeira vez. Inicialmente praticamos somente com o pedal, de forma a ajustar nossa coordenação, antes que costuremos alguma coisa. Acompanhar a respiração é parecido. Nós não nos preocupamos se ela é longa ou curta, fraca ou forte, nós somente a observamos. Deixamos que seja como deve ser e acompanhamos a respiração natural.

Quando ela estiver equilibrada, tomamos a respiração como nosso objeto de meditação. Quando inspiramos, o começo da respiração está na ponta do nariz, o meio da respiração está no peito e o final da respiração está no abdômen. Esse é o caminho da respiração. Quando expiramos, o início da respiração está no abdômen, o meio no peito e o final na ponta do nariz. Simplesmente observamos o caminho da respiração na ponta do nariz, no peito e no abdômen e depois no abdômen, no peito e na ponta do nariz. Notamos esses três pontos de forma a fazer com que a mente fique estável, para conter a atividade mental de tal forma que a atenção plena e a autoconsciência possam surgir com facilidade.

Quando formos capazes de notar esses três pontos poderemos soltá-los e notar a inspiração e a expiração, concentrando exclusivamente na ponta do nariz ou no lábio superior, onde o ar toca quando entra e sai. Nós não precisamos seguir a respiração, simplesmente estabelecemos a atenção plena à nossa frente, na ponta do nariz e notamos a respiração nesse único ponto - entrando, saindo, entrando, saindo. Não há necessidade de pensar acerca de algo especial, agora, concentre-se nessa simples tarefa, mantendo continuamente a mente atenta. Não há nada mais a ser feito, somente inspirar e expirar.

Em pouco tempo a mente ficará tranqüila, a respiração mais sutil. A mente e o corpo se tornam leves. Esse é o estado correto para a tarefa da meditação.

Quando estamos sentados em meditação a mente se torna refinada, mas em qualquer estado em que ela se encontre devemos tentar ter consciência dele, conhecê-lo. A atividade mental está ali junto com a tranqüilidade. Existe vitakka. Vitakka é a ação de trazer a mente para o tema da contemplação. Se não existe muita atenção plena, não haverá muito vitakka. Então vicara, a contemplação em torno daquele tema, segue. Várias impressões mentais "mais fracas" podem surgir de tempos em tempos mas a nossa autoconsciência é o mais importante - não importa o que esteja acontecendo nós temos conhecimento dela continuamente. À medida que nos aprofundamos estamos constantemente conscientes do estado em que se encontra a nossa meditação, sabendo se a mente está ou não firmemente estabelecida. Dessa forma, ambos, a concentração e a atenção plena estarão presentes.

Ter uma mente tranqüila não quer dizer que nada está acontecendo, as impressões mentais continuam surgindo. Por exemplo, quando falamos sobre o primeiro nível de absorção, dizemos que ele possui cinco fatores. Juntamente com vitakka e vicara, piti (êxtase) surge com o tema da contemplação e depois sukha (felicidade). Essas quatro coisas estão todas juntas na mente que se firmou na tranqüilidade. Elas são como um estado único.

O quinto fator é ekaggata ou unificação da mente em um só ponto. Você deve estar perguntando a si mesmo como pode haver a unificação quando também existem esses outros fatores. Isso ocorre porque eles ficam todos unificados com base na tranqüilidade. Juntos eles são chamados de o estado de samadhi. Eles não são estados do cotidiano da mente, eles são fatores de absorção. Existem essas cinco características mas elas não perturbam a tranqüilidade básica. Existe vitakka, mas ela não perturba a mente; vicara, êxtase e felicidade surgem mas não perturbam a mente. Portanto, a mente e esses fatores estão como se fossem uma coisa só. Assim é o primeiro nível de absorção.

Nós não precisamos chamá-lo de Primeiro Jhana, Terceiro Jhana e assim por diante, vamos chamá-lo simplesmente de ”uma mente tranqüila". Conforme a mente vai progressivamente se acalmando, ela irá dispensar vitakka e vicara, restando somente êxtase e felicidade. Porque a mente descarta vitakka e vicara? A razão é porque a mente vai se tornando mais refinada e a atividade de vitakka e vicara é muito grosseira para que possa permanecer. Neste estágio, quando a mente abandona vitakka e vicara, sentimentos de intenso êxtase podem surgir, lágrimas podem aflorar. Mas conforme o samadhi se aprofunda, o êxtase também é descartado, ficando somente a felicidade e a unificação da mente em um só ponto até que finalmente, mesmo a felicidade se vai e a mente atinge o ponto mais elevado de refinamento. Existe apenas equanimidade e unificação da mente em um só ponto, todo o demais foi deixado para trás. A mente permanece imóvel.

Uma vez que a mente esteja tranqüila tudo isso pode acontecer. Você não precisa pensar muito a respeito disso, isso acontece por si mesmo. A isto se chama de a energia de uma mente tranqüila. Nesse estado, a mente não está sonolenta; os cinco obstáculos, desejo sensual, aversão, inquietação, torpor e dúvida, foram todos embora.

Mas se a energia mental não for forte o suficiente e a atenção plena for fraca, ocasionalmente surgirão impressões mentais intrusas. A mente está tranqüila mas é como se houvesse uma "névoa" dentro dessa tranqüilidade. Não é um tipo de sonolência comum no entanto, algumas impressões irão se manifestar - talvez ouçamos um som ou vejamos um cachorro ou outra coisa. Não está absolutamente claro mas também não é um sonho. Isto ocorre porque os cinco fatores se tornaram desequilibrados e fracos.

A mente tem a tendência de nos pregar peças nesses níveis de tranqüilidade. "Imagens" podem surgir certas vezes quando a mente está nesse estado, através de qualquer um dos sentidos e o meditador poderá não ser capaz de identificar o que exatamente está acontecendo. "Estou dormindo? Não. É um sonho? Não, não é um sonho…" Essas impressões surgem a partir de um tipo de tranqüilidade média; mas se a mente estiver verdadeiramente tranqüila e cristalina não teremos dúvidas acerca das várias impressões mentais ou imagens que surgirem. Questões como, "Eu fiquei à deriva? Eu estava dormindo? Eu me perdi? " não surgem pois elas são a característica de uma mente que ainda duvida. "Estou dormindo ou acordado?"…Aqui está confuso! Essa é a mente que está ficando perdida nos seus humores. É como a lua se escondendo atrás de uma nuvem. Você ainda pode ver a lua mas as nuvens que a cobrem fazem com que ela não possa ser vista com clareza. Não é como a lua que surgiu por detrás das nuvens - clara, bem definida e brilhante.

Quando a mente está tranqüila e com a atenção plena firmemente estabelecida, não haverá dúvida em relação aos vários fenômenos que encontramos. A mente terá verdadeiramente superado os obstáculos. Conheceremos com clareza, como na verdade é, tudo aquilo que surgir na mente. Não teremos dúvida porque a mente está clara e luminosa. A mente que alcança o samadhi é assim.

No entanto, algumas pessoas têm dificuldade de entrar em samadhi porque este não convém às suas inclinações. O samadhi existe mas não é forte ou firme. Mas a pessoa pode alcançar a paz através da sabedoria, contemplando e vendo a verdade das coisas, solucionando os problemas por esse caminho. Isto é a utilização da sabedoria ao invés do poder de samadhi. Para alcançar a tranqüilidade na prática, não é necessário sentar em meditação. Somente pergunte a si mesmo, "Ei, o que é isso?…" e solucione o seu problema exatamente nesse momento! Assim é uma pessoa sábia. Talvez ela realmente não consiga atingir níveis elevados de samadhi, embora ela desenvolva algo, o suficiente para cultivar a sabedoria. É a diferença entre cultivar arroz e cultivar milho. A pessoa pode depender mais de arroz do que milho para o seu sustento. A nossa prática pode ser assim, dependemos mais da sabedoria para solucionar os problemas. Quando vemos a verdade, a paz surge.

As duas formas não são iguais. Algumas pessoas possuem insight e sólida sabedoria mas não possuem muito samadhi. Quando elas sentam para meditar elas não ficam muito tranquilas. Elas tendem a pensar muito, contemplando isso ou aquilo até que finalmente elas contemplam a felicidade e o sofrimento e enxergam neles a verdade. Algumas se inclinam mais para isso do que samadhi. Quer seja em pé, caminhando, sentado ou deitado, [3] a iluminação do Dhamma poderá ocorrer. Vendo e abandonando, elas alcançam a paz. Elas alcançam a paz conhecendo a verdade sem ter qualquer dúvida, porque elas a viram por si mesmas.

Outras pessoas possuem somente pouca sabedoria mas o seu samadhi é bastante sólido. Elas podem entrar em profundo samadhi rapidamente, mas não tendo muita sabedoria, elas não conseguem agarrar as suas impurezas, elas não as conhecem. Elas não conseguem resolver os seus problemas.

Mas independentemente da abordagem que usemos, precisamos eliminar a maneira incorreta de pensar, deixando ficar somente o Entendimento Correto. Precisamos eliminar a confusão, deixando somente a paz. De ambas maneiras chegaremos ao mesmo lugar. Existem esses dois aspectos da prática, mas essas duas coisas, tranqüilidade e insight, caminham juntas. Não podemos eliminar nenhuma delas. Elas precisam ir juntas.

Aquilo que "inspeciona" os vários fatores que surgem na meditação é 'sati', atenção plena. Sati é uma condição que, através da prática, pode auxiliar outros fatores a surgirem. Sati é vida. Sempre que não tivermos sati, quando formos desatentos, é como se estivéssemos mortos. Se não temos sati, então o que falamos e fazemos não possui nenhum significado. Sati é simplesmente recordação. É a causa do surgimento da autoconsciência e sabedoria. Quaisquer virtudes que tenhamos cultivado serão imperfeitas se lhes faltar sati. Sati é o que nos observa quando estamos em pé, caminhando, sentados e deitados. Mesmo quando não estamos mais em samadhi, sati deveria estar sempre presente.

Tomamos cuidado com qualquer coisa que façamos. Uma sensação de vergonha [4] irá surgir. Ficaremos envergonhados das coisas que fazemos e que não são corretas. Conforme a vergonha aumenta, o nosso auto controle também aumenta, quando o nosso autocontrole aumenta a desatenção irá desaparecer. Mesmo que não sentemos em meditação, esses fatores estarão presentes na mente.

E isto surge devido ao fato de cultivarmos sati. Desenvolva sati! Esse é o dhamma que inspeciona o trabalho que estamos fazendo ou que fizemos no passado. Ele tem utilidade. Devemos nos conhecer o tempo todo. Se nos conhecermos dessa forma, o certo irá se distinguir do errado, o caminho irá se tornar claro e o motivo para toda a vergonha irá se dissolver. A sabedoria irá surgir.

Podemos resumir toda a prática em virtude, concentração e sabedoria. Ter autocontrole, isso é virtude. O firme estabelecimento da mente dentro desse controle é concentração. Para completar, o conhecimento amplo dentro da atividade na qual estamos engajados é sabedoria. A prática, em resumo, é apenas virtude, concentração e sabedoria ou em outras palavras, o caminho. Não existe outra alternativa.


"...Com o samadhi correto, não importa qual nível de tranqüilidade é alcançado, existe a consciência. Existe atenção plena e clara compreensão. Esse é o samadhi que pode dar origem à sabedoria, a pessoa não será capaz de se perder nele. Os praticantes devem entender isto muito bem..."

O Caminho em Harmonia

Hoje eu gostaria de lhes perguntar. "Vocês estão seguros, vocês têm certeza da sua prática de meditação?" Eu pergunto porque atualmente existem muitas pessoas ensinando meditação, tanto monges como leigos e eu temo que vocês possam estar sujeitos à incerteza e a dúvida. Se entendermos claramente, seremos capazes de fazer com que a mente seja firme e tranqüila.
Vocês devem entender o "Caminho Óctuplo" como sendo virtude, concentração e sabedoria. O caminho é simplesmente isso. A nossa prática consiste em fazer com que esse caminho se desenvolva dentro de nós.

Quando sentamos em meditação nos dizem para fechar os olhos, não olhar para nada mais porque agora iremos olhar diretamente para a mente. Quando fechamos os nossos olhos, a nossa atenção se volta para dentro. Estabelecemos nossa atenção na respiração, centralizamos ali as nossas sensações, colocamos ali a nossa atenção plena. Quando os elementos do caminho estiverem em harmonia seremos capazes de ver a respiração, as sensações, a mente e os seus humores da forma como realmente são. Aqui veremos o "ponto de foco", para onde samadhi e os demais elementos do Caminho convergem em harmonia.

Quando estiverem sentados em meditação, seguindo a respiração, pensem consigo mesmo que agora vocês estão sentados sozinhos. Não existe ninguém sentado à sua volta, não existe nada mais. Desenvolvam essa pensamento de que vocês estão sentados sozinhos até que a mente solte de tudo que é externo, concentrando-se somente na respiração. Se vocês estiverem pensando, "Esta pessoa está sentada aqui, aquela pessoa está sentada ali", não haverá paz, a mente não vem para dentro. Simplesmente coloquem tudo isso de lado até que vocês sintam que não existe ninguém sentado a sua volta, até que não exista nada mais, até que vocês não tenham nenhuma hesitação ou interesse naquilo que está a sua volta.

Deixem que a respiração flua com naturalidade, não a force para que seja curta, longa ou o que quer que seja, simplesmente fiquem sentados e observem ela entrar e sair. Quando a mente se solta de todas as sensações externas, os ruídos de carros e outros barulhos não irão perturbá-los. Nada, quer sejam visões ou sons, irá perturbar, porque a mente não os estará recebendo. A sua atenção estará concentrada na respiração.

Se a mente está confusa e não se concentra na respiração, inspirem fundo, o mais fundo que vocês puderem e depois expirem até que não reste nada. Façam isso três vezes e depois re-estabeleçam a sua atenção. A mente irá se acalmar.

É natural que ela se acalme durante algum tempo e que depois a inquietação e a confusão possam surgir outra vez. Quando isso acontecer, concentrem-se, respirem fundo outra vez e depois re-estabeleçam a sua atenção na respiração. Continuem fazendo isso. Quando houver ocorrido isso algumas vezes, vocês se tornarão peritos nisso, a mente irá se soltar de todas as manifestações externas. Impressões externas não irão atingir a mente. Sati estará firmemente estabelecido. À medida que a mente for ficando mais sutil, assim também a respiração. As sensações irão ficar cada vez mais sutis, o corpo e a mente ficarão leves. A nossa atenção estará somente no que é interno, veremos a inspiração e a expiração claramente, veremos todas as impressões claramente. Veremos a Virtude, Concentração e Sabedoria se unindo. A isto se denomina o Caminho em harmonia. Quando existe harmonia a nossa mente ficará livre da confusão, estará unificada. A isto se denomina samadhi.

Após observar a respiração por um longo tempo, ela pode se tornar bastante sutil, a atenção na respiração irá cessar gradualmente, restando somente a atenção pura. A respiração pode ficar tão sutil que desaparecerá! Talvez estejamos "apenas sentados", tal como se não houvesse respiração. Na verdade existe a respiração mas a impressão é de que ela não existe. Isto ocorre porque a mente atingiu o seu estado mais sutil, existe somente a atenção pura. Ela foi além da respiração. O conhecimento de que a respiração desapareceu se torna estabelecido. O que tomaremos agora como objeto de meditação? Tomamos esse conhecimento como nosso objeto, isto é, a consciência de que não existe respiração.

Coisas inesperadas podem acontecer neste momento; algumas pessoas as experimentam, outras não. Se elas surgirem, devemos ser firmes e manter uma sólida atenção plena. Algumas pessoas vêm que a respiração desaparece e ficam com medo, elas temem que possam morrer. Nesse caso devemos entender a situação apenas pelo que ela é. Nós simplesmente notamos que não há respiração e tomamos isso como objeto da nossa atenção. Esse, podemos dizer, é o tipo de samadhi mais firme e mais seguro. Existe somente um estado da mente, firme e imóvel. Talvez o corpo se torne tão leve que é como se não houvesse corpo. Sentimos como se estivéssemos sentados em um espaço vazio, tudo parece vazio. Embora isso possa parecer muito estranho, vocês devem entender que não existe motivo para se preocupar. Estabeleçam a sua mente firmemente dessa forma.

Quando a mente está firmemente unificada, e já não é perturbada por impressões dos sentidos, a pessoa pode permanecer nesse estado pelo tempo que quiser. Não haverão sensações dolorosas que a perturbem. Quando o samadhi atingiu esse nível, poderemos deixá-lo quando quisermos, porém se deixarmos esse samadhi o faremos de maneira confortável, não porque ficamos entediados ou cansados. Nós o deixamos porque estamos satisfeitos por agora, nos sentimos relaxados, sem nenhum tipo de problema.

Se podemos desenvolver esse tipo de samadhi, e nos sentarmos, digamos, trinta minutos ou uma hora, a mente estará relaxada e calma por muitos dias. Quando a mente está assim relaxada e calma, ela está limpa. Tudo aquilo que experimentarmos, a mente irá tomar e investigar. Esse é um fruto do samadhi.

A virtude possui uma função, a concentração possui outra função e a sabedoria outra. Esses elementos são como um ciclo. Podemos vê-los todos dentro de uma mente tranqüila. Quando a mente está calma ela possui moderação e autocontrole devido à sabedoria e a energia da concentração. À medida em que ela fica mais controlada ela se torna mais sutil, o que por conseguinte dá força para que a virtude incremente a sua pureza. Na medida em que a virtude se purifica, isso auxilia no desenvolvimento da concentração. Quando a concentração está firmemente estabelecida ela auxilia o surgimento da sabedoria. Virtude, concentração e sabedoria se auxiliam mutuamente, elas estão inter-relacionadas dessa forma. No final o Caminho se converte em um só e opera todo o tempo. Devemos buscar a força que se origina do caminho, porque é a força que conduz ao Insight e Sabedoria.

Notas:

1. Samadhi é o estado de tranqüilidade com concentração que resulta da prática de meditação.

2. Jhana é um estado avançado de concentração ou samadhi, em que a mente fica absorvida pelo seu objeto de meditação. Ele está dividido em quatro níveis, cada um progressivamente mais refinado que os anteriores.

3. Isto é, todo o tempo, em todas atividades.

4. Esta é uma "vergonha" que tem como base o conhecimento da lei de causa e efeito, ao invés do mero sentimento de culpa.