quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O fim da Web ?



Os objetos inteligentes e o fim da internet como a conhecemos 

Gabriela Agustini empreendedora digital, em artigo publicado por Brasil Post,

29-01-2014.

O futuro da internet é móvel. E, além dos celulares e tablets, as conexões virão dos mais variados objetos. Geladeira, tênis, lâmpada, carro: em breve todos estarão conectados, emitindo e recebendo dados. Os chamados objetos inteligentes já são realidade e sua crescente popularização joga ainda mais lenha na discussão sobre neutralidade da internet, o princípio que garante o livre acesso a qualquer tipo de informação na rede.
Quando em 2010 Chris Anderson decretou na capa da Wired o fim da web, a interface gráfica que estamos acostumados a usar para acessar a internet, muita gente tomou um susto. Mais de três anos depois, a proliferação de smartphones, TVs com conexão e o mundo dos aplicativos mostram que os apps chegaram para ficar e que um possível fim da web pode estar mais próximo do que se imagina. Seria ok se o substituto não fosse um modelo centralizador, que coloca os interesses econômicos no centro do processo e pouco se importa com a pluralidade e diversidade de conteúdos.
A web nasce baseada na horizontalidade, tem natureza flexível, trabalha com os conceitos de relevância e abertura. Por isso, conseguimos acesso fácil a tanto conteúdo que as indústrias instituídas acham pouco relevante. É assim que um blog de um anônimo passa fácil a audiência de um canal de grande jornal.
No mundo dos aplicativos, a lógica é outra. Em vez de buscar conexões o usuário é incentivado a permanecer no feudo digital criado pela marca. Some isso à possibilidade de oferecer conteúdos com velocidades distintas que você tem uma noção do rumo que a internet está tomando.
E tem muito mais por vir. A indústria automobilística deve ser a primeira a incorporar as aplicações de maneira mais profunda. Sabe a relação que você tem com o seu celular? Então, é mais ou menos assim que serão os carros: cheio de aplicativos, com possibilidade de customização e sistema operacional. Prepara-se para ter que escolher entre um modelo Apple ou Google.
Parece uma maravilha, se não fosse a possibilidade de isso significar o consumidor como "refém" de uma única marca. Pensando nisso, algumas empresas já se uniram, atendendo um chamado da Fundação Linux, para criar um padrão aberto que interligue as conexões das diversas aplicações de IoT (Internet of Things, a Internet das Coisas), os tais objetos inteligentes. A AllSeen Alliance conta com empresas como Cisco, D-Link, Haier, LG Electronics, Qualcomm, Panasonic e Sharp e pretende criar protocolos e padrões abertos, garantindo a capacidade dos sistemas das empresas em se comunicar. Tem uma luz no fim do túnel!
Em tempo, no Brasil o princípio da neutralidade de rede está inserido no Marco Civil da Internet, projeto de lei construído de maneira colaborativa em 2009, que aguarda votação na Câmara dos Deputados.