terça-feira, 14 de abril de 2009

Por entre correntezas da História


Como estiagem depois de meses de aguaceiro, 20 líderes mundiais, entre chefes de Estado e chefes de governo, reuniram-se em Londres na quinta-feira, para endossar uma ofensiva conjunta de enfrentamento da crise econômica global. Houve muita fotografia. Atividade frenética dos seguranças. iPod e afagos para a rainha. E até a tietagem explícita do "companheiro" Obama ao saudar Luiz Inácio da Silva como o político mais popular do mundo. "Esse é o cara", disse o colega americano. Na City londrina, manifestantes com sotaques e trajes diversos enfrentaram policiais, quebraram vitrines e garantiram a participação. Antes que os holofotes se apagassem, veio a declaração final do encontro: anunciou, entre outros pontos, a injeção de US$ 1,1 trilhão na economia planetária para programas de recuperação e desenvolvimento econômicos, mais regulação dos mercados financeiros no plano nacional, críticas contundentes aos paraísos fiscais e uma promessa de retomar a Rodada Doha. Os líderes e suas comitivas se despediram em clima quase de euforia.

A reportagem e a entrevista é de Laura Greenhalgh e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 07-04-2009.

Depois, vida real. O economista Ignacy Sachs, um perito em desenvolvimento sustentado, como que voltou ao "cenário do banquete" para avaliar o que se passou por lá e o que terá sobrado da festa. O G-20 superou expectativas? Deixa dúvidas no ar? Que caminhos aponta? Como se verá a seguir, as análises de Sachs, pesquisador da École des Hautes Études en Sciences Sociales, a EHESS, em Paris, mostram quão complexas são as relações de poder que permeiam esse grupo de mandatários que vale quanto pesa - 85% do PIB mundial. Para o professor, ainda que se possa questionar a lista dos 19 convidados de Gordon Brown (20, com a própria Inglaterra), a reunião mostrou que as tensões do passado ainda se manifestam nas discussões de hoje, como ecos de um processo geopolítico que começou lá trás, no embate entre capitalismo e socialismo.

O mundo é outro, os dirigentes mudam, a crise tem feições graves e inusitadas, mas as correntes subterrâneas da história ainda movem os indivíduos e as nações. É disso que trata a entrevista de Ignacy Sachs, um polonês que chegou ao Brasil nos anos 40 fugindo da guerra, aqui estudou, fez carreira, família e daqui foi "devolvido" ao mundo para ser um dos grandes defensores do conceito de ecodesenvolvimento. Autor de vários livros, entre eles Rumo à Ecossocioeconomia - Teoria e Prática do Desenvolvimento (Cortez Editora, 2006) a autobiografia sairá em breve pela Companhia das Letras.

Eis a entrevista.

O G-20 tem poder para consertar a economia mundial?

Em termos formais, não. Mas, em termos reais, o G-20 ganhou poder pela força econômica que representa, ou seja, 85% do PIB mundial. Ele hoje até parece substituir algum órgão do sistema das Nações Unidas que, a meu ver, deveria estar deliberando. A ONU anda em baixa... Não é preciso ir longe: no meio dessa crise, o secretário-geral da organização convocou uma comissão de alto nível liderada pelo Prêmio Nobel Joseph Stiglitz para estudar a situação. A comissão divulgou, em 19 de março, um documento com diagnóstico completo, várias propostas e apontou a necessidade de se criar um órgão econômico no âmbito das Nações Unidas. A coisa não foi para a frente. Ninguém em Londres pensou na Comissão Stiglitz. Porém, num programa de reformas de longo prazo, talvez seja importante reforçar o sistema das Nações Unidas.

Falar em Nações Unidas após os anos Bush, período em que a organização foi esvaziada, faria sentido?

Bom, os anos Bush terminaram e agora atravessamos um momento histórico. Em 80 anos, a humanidade foi chamada três vezes a se debruçar sobre a equação qual Estado, para qual modelo de desenvolvimento. A primeira vez foi a partir da crise de 29. Tivemos como resultantes o socialismo, o nazismo, o New Deal rooseveltiano. A segunda ocasião aconteceu no fim da 2ª Guerra. Naquele momento, formou-se um consenso em torno de três ideias-forças: um Estado pró-ativo no campo econômico e social, o pleno emprego como objetivo e a valorização do planejamento, pilares de sustentação do welfare state, o Estado de bem-estar e previdência, como formulou Keynes. Mas, veja que interessante, em 1944, quando Friederich von Hayek, futuro Prêmio Nobel, publicou em Londres seu libelo contra o planejamento, The Road to Serfdom, ali ele já instalava a ideia da dissidência em relação ao modelo do bem-estar. Continuando, o choque entre dois sistemas políticos levou o capitalismo a se reformar, especialmente pela ascensão do socialismo, e então viria o que o professor de Harvard Steve Marvin chamou de a "idade de ouro do capitalismo". Ou seja, o sistema entrou numa fase de crescimento rápido, impulsionado pelos processos de reconstrução abertos com o fim da guerra, pelo Plano Marshall, isso entre 1945 e 1975.

O que marca a mudança de paradigmas nos anos 70, na sua opinião?

O desencanto com o socialismo real foi um elemento forte. Uma data fundamental nessa mudança terá sido a invasão da Checoslováquia pelos soviéticos. Acabou com a credibilidade do sistema. Sim, houve anteriormente momentos duros, como a invasão da Hungria, em 1956, mas foi em 1968, quando aqueles tanques soviéticos avançaram sobre Praga, esmagando um socialismo de face humana, que a credibilidade veio abaixo. Gorbachev, apesar de ter se empenhado, não conseguiu mais reverter a situação. Vieram os processos inflacionários, a primeira crise energética, enfim, outros fatores entraram em cena preparando o palco para Margareth Thatcher e Ronald Reagan. Assim entramos no período que o economista austro-britânico Hans Singer, secretário de Keynes em Bretton Woods, chamaria de a "contrarreforma neoliberal", propondo menor presença do Estado, menos planejamento e autorregulamentação do mercado. Pois bem, o socialismo está morto, mas o neoliberalismo anda mal das pernas. Isso obriga a geração que está atualmente no poder a inventar alternativas, pois estamos sentados sobre paradigmas falidos. Em termos históricos, este é o terceiro momento em que os países são chamados a responder àquela pergunta.

Como é que os dirigentes de hoje podem "inventar" alternativas?

A crise é oportunidade, não apenas tragédia. Os dirigentes de hoje estão conscientes disso, me parece, até porque estão sendo confrontados com situações realmente históricas, como a eleição de Barack Obama nos Estados Unidos. Você viu a imagem de Obama, ao lado da rainha Elizabeth, acompanhado de sua mulher, Michelle, que num gesto simpático deu até um tapinha nas costas da anfitriã? Chega a parecer inacreditável. E o que dizer da rainha enquadrada na foto oficial tendo seu primeiro-ministro, Gordon Brown, de um lado e Lula, do outro? Também é uma imagem cheia de significado. Eric Hobsbawn analisa muito bem em sua obra como o choque dos sistemas capitalista e socialista, que quase nos levou à 3ª Guerra Mundial, acabou propiciando a emancipação dos "países do Sul", a começar pela independência da Índia, em 1947, num processo geopolítico que não parou mais. Embora a crise econômico-financeira de hoje não tenha se originado em países que já foram a periferia do mundo, não é do nada que eles conquistam importância no debate atual.

Olhando pelo binóculo da história, a bancarrota do Lehman Brothers, vista como deflagradora da crise, seria mero acidente de percurso?

Ah, aquilo foi prova de que havia um sistema falho do ponto de vista da regulação. Nesse ponto, o momento que atravessamos hoje é até favorável, pois desmistificou-se o "capitalismo de cassino". Só que, de repente, todo mundo virou keynesiano, todo mundo agora fala que o Estado estava sendo vilipendiado...

E o que o senhor acha dessa súbita conversão ao keynesianismo?

Aí está o problema. De que keynesianismo se fala? Lá atrás, houve um keynesianismo que inclusive favoreceu a corrida armamentista. Então, não basta querer um Estado forte e atuante, a pergunta é: forte e atuante para o quê? É tempo de explicitar os objetivos. Olha, não vou desdizer aqui nesta entrevista a minha vida inteira: sempre acreditei no Estado, sou de uma geração influenciada pelo socialismo, mas também vi as barbaridades que foram cometidas nesse modelo centralizador. Também não acreditei quando me disseram que era chegado o "fim da história", e quem o previu agora está se desdizendo. O que afirmo é o seguinte: não podemos nos dar ao luxo de brincar com a ideia de refazer a história. Parece possível trabalhar na direção de um Estado mais atuante, com um grande setor de mercado que pode até ser estimulado por esse mesmo Estado. Gordon Brown, em Londres, encerrou os trabalhos dizendo que a reunião do G-20 marca o fim do Consenso de Washington. É uma afirmação forte, importante, mas como se traduz na prática?

A declaração também anunciou o destino de mais de US$ 750 bilhões para o FMI, para programas de estímulo econômico. Que efeito terão?

Pois é, o relatório Stiglitz reconheceu que muitos países foram vítimas, no passado, das condicionalidades dos programas implantados pelo FMI e pelo Banco Mundial, o Bird. Então, não sei se os problemas de hoje serão sanados jogando mais dinheiro nessas instituições. Não seria também necessária uma mudança na maneira como elas operam? É de conhecimento geral como a África sofreu com os ajustes estruturais exigidos pelo fundo e pelo banco, e os resultados catastróficos dessas políticas estão aí, para quem quiser ver. Não sou contra a existência do FMI, que foi um dos passos decisivos da conferência de Bretton Woods, em 1944, fundamental para a reconstrução do mundo, mas não deveríamos ficar olhando para essa dinheirama de agora sem debater em que condições, em que bases e com que fins ela será aplicada.

Pode haver uma mudança no perfil do FMI e do Banco Mundial?

Da noite para o dia, não. Ideias novas não se consolidam numa reunião de um dia, como essa de Londres, em que cada chefe de Estado teve direito a se manifestar por 11 minutos. A propósito, essa semana ouvi uma frase muito divertida, atribuída a Benedito Valadares ( ex-governador de Minas no período do Estado Novo): "Reunião? Só com negócio fechado". Em que pesem as diferenças, ficar discutindo o alcance G-20 talvez não nos leve longe, porque não havia o "negócio fechado" antes da reunião. E tem muito teatro nisso tudo. O que ficou de positivo no G-20? Basicamente três coisas. Primeira, ele aconteceu, o que demonstra a preocupação dos principais líderes do mundo com o que estamos vivendo, embora, repetindo uma afirmação do ex-ministro Rubens Ricupero, a cúpula virou um encontro de egos, com direito a mútuas felicitações e auto-elogios. Segunda coisa, Obama estreou na cena mundial, mas, convenhamos, está numa posição favorável em que ainda pode jogar culpas no antecessor. Terceira, os países ricos sentaram-se à mesa com os países emergentes. Pode-se até dizer que há um tanto de cooptação nisso tudo, pois foi o G-8 que constituiu o G-20, numa lista de países que sempre carregará a suspeita de ser arbitrária. Mas ver o presidente do Brasil ou o primeiro-ministro da Índia nessas negociações confirma aquele processo geopolítico sobre o qual já falamos. Resta agora institucionalizá-lo.

Ao longo do encontro, Obama chegou a dizer que o mundo não pode ficar refém dos EUA. Depois modulou, mas chegou a dizer isso.

Foi uma declaração hábil da parte dele. Será que é retórica? Como vou saber? Vamos julgar pelos fatos a seguir. Como será usado o dinheiro, mais de US$ 1 trilhão? Teremos que esperar, mas me surpreende a proeminência que o FMI voltou a ter. Será que o fundo mudará sua governança? De novo, como saber? Enfim, há muitas questões em aberto.

Dentre tantas incógnitas, qual é a da China?

Estamos assistindo a uma situação inédita: os EUA dependem da vontade da China em acumular excedentes em dólares, e a China, que ainda não abandonou a fraseologia do seu "socialismo de mercado", não pode se dar ao luxo de não apoiar a economia americana. Imagine uma desvalorização do dólar... a China vai para o espaço. Estão atrelados. Existe um ditado polonês que fala de dois inimigos que ficam presos um pela barba do outro... é o caso. Aparentemente, a China já começou a ensaiar sua participação no jogo dos grandes ao propor uma nova moeda para reservas, e não devemos perder de vista a crescente e impressionante influência que ela vem consolidando na África, especialmente em países com petróleo, como Angola. São investimentos formidáveis, mas tenho lá minhas dúvidas sobre a maneira como vêm sendo feitos. Por exemplo, mandam mão de obra chinesa para construir prédios na Argélia, enquanto os desempregados argelinos ficam sentados ao redor do canteiro, olhando... isso é um absurdo econômico. Só com os efeitos da crise recente, já se fala em mais de 20 milhões de demitidos na China. É muita gente. Outro problema é esse modelo híbrido de capitalismo, no qual se veem novos-ricos em carrões e boa parte da população desprovida de serviços básicos. E o que dizer da degradação ambiental? Rios chegam ao mar já secos. Por outro lado os chineses são capazes de grandes programas de reflorestamento. Enfim, é um país de contradições.

A chanceler alemã, Angela Merckel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, foram para o G-20 com um discurso forte em defesa da regulação. Essa Europa do G-20 espelha expectativas de todo o continente?

A Europa está muito dividida. O economista francês Michel Albert acaba de publicar mais um estudo sobre o capitalismo, em que mostra não só as várias faces do sistema, como as diferenças específicas no contexto europeu, como o "capitalismo anglo-saxão" e o "capitalismo renano". Alguma coisa disso esteve presente no G-20. Sarkozy, com resquícios do gaullismo, e Merckel, apoiada na importância que a economia alemã já teve no passado, têm de fato uma visão diferente do modelo anglo-americano, de maior liberdade ao sistema financeiro. Outra forma de olhar: temos os países que são "fundadores" da Europa e os que chegaram agora a ela. Há os países que adotaram a moeda comum, outros que estão fora disso. Há o estranhamento eterno da Europa continental com uma Inglaterra que fez o jogo da Aliança Atlântica. Então, veja quantas divisões internas, quantas diferenças históricas. Países que entraram recentemente na União Europeia (UE) estão muito mal, como a Hungria, que apresentou um plano de recuperação econômica que os alemães rejeitaram. Isso foi há um mês. A Irlanda era "o" modelo do capitalismo bem resolvido, agora enfrenta problemas. A Islândia, outro modelo, faliu. Os países bálticos, declaradamente capitalistas, estão decaídos. Enfim, a Europa vive uma situação complicada. Lá trás, no processo de integração à UE de países como Espanha, Portugal e Grécia, houve investimentos fortes. Na segunda rodada de integração, já não houve o mesmo aporte, o que a meu ver foi um erro. Quando Helmut Kohl decidiu pela unificação alemã, disse: "A decisão é política e vai custar o que vai custar. Vamos arcar com ela". Agora, as decisões continuam sendo políticas, mas não podem custar muito. Como seria aprovada a Constituição Europeia nesse contexto? Sem chance.

E o papel da Inglaterra neste momento?

O Gordon Brown estava por um triz. Só se safou porque, quando estourou a crise, propôs algo diferente do Plano Pauls (Henry Pauls, secretário do Tesouro de George W. Bush). Ali foi uma intervenção corajosa. Ele se diferenciou das linhas mestras do capitalismo anglo-saxão ao propor a nacionalização temporária de bancos, ideia com a qual Obama lida com dificuldades. A propósito, o que podemos esperar da equipe econômica que está na Casa Branca? Outra incógnita. Lembra quando Lawrence Summers, atuando no Banco Mundial, disse que se deveriam mandar indústrias poluentes para a África? Depois, como reitor de Harvard, falou que as mulheres não têm cabeça para a pesquisa. Pois bem, ele é o conselheiro econômico do novo presidente dos EUA. Quero dissociar duas coisas: a vitória política de Obama é um marco histórico, pelas qualidades pessoais que ele parece ter e pela maneira como soube operar o racismo americano. Daí a ter carta branca para fazer e desfazer na economia é outra conversa. Tomara que acerte.

O que acha da busca por um acordo de desarmamento entre Obama e Medvedev?

Teatro puro. Os dois lados têm hoje ogivas para destruir o mundo várias vezes. O que significa reduzir isso em um terço? Significa que terão capacidade para destruir o mundo 50 vezes, em vez de 75? Não faz sentido. Isso me remete à mesma posição que tenho sobre o Protocolo de Kyoto. Não dá para ficar discutindo quanto cada país vai cortar nas emissões de carbono. Antes, é preciso firmar o objetivo, depois se vê como faz. Quando temos um problema, tomemos a solução, depois a repartição do custeio.

As discussões ambientais, tal como o clima e o planeta, ficaram mais aquecidas.

Não é possível dizer que o meio ambiente seja a bola da vez, deixando para lá os problemas sociais. Ou tomar os problemas sociais, postergando decisões no campo ambiental. O momento é de atacar todas as frentes. A crise ambiental pode ser vista numa outra perspectiva de tempo, ou seja, numa perspectiva macro-histórica da evolução humana na biosfera. Em centenas de milhares de anos, tivemos duas grandes transições: a neolítica, caracterizada pela domesticação das espécies e pela sedentarização dos grupos humanos, com um comecinho de urbanização. A outra, na passagem do século 17 para o 18, foi o início da utilização em larga escala das energias fósseis, do carvão, depois do petróleo e gás. Resultou na primeira Revolução Industrial, com impactos demográficos e econômicos, numa evolução impressionante que acabou nos levando à crise ambiental de hoje. Agora entramos noutro capítulo, que pode ser chamado de o fim da era do petróleo e, se formos inteligentes, o fim do consumo de energias fósseis. É um processo largo, não sei se vai levar décadas ou séculos, mas, de qualquer maneira, estamos no começo de uma saída. E temos que pensar alternativas. Até onde podemos ir com a energia solar? Já há estudos apontando para a terceira geração dos biocombustíveis, as algas. Pois bem, até que ponto avançar nos recursos marinhos? Até onde caminhar no aproveitamento da biomassa? Todo mundo tem, da boca para fora, a ideia de um New Deal verde, com empregos verdes, economia verde, política verde. Não sei no que vai dar, mas, de qualquer modo, a síntese entre ambientalismo e desenvolvimentismo é uma ideia que está posta pelo menos desde 1972, na Conferência de Estocolmo.

Então o Brasil tem boas oportunidades pela frente.

O Brasil é a maior biodiversidade do planeta, a maior floresta tropical do mundo, e não estou minimizando o fato de que um quinto dela tenha sido derrubada. Tem uma dotação confortável de água, uma pesquisa científica já de padrão internacional que, se bem administrada, torna-se também um recurso. Tem um setor de financiamento público poderoso. Mas há os impasses. Por exemplo: devemos caminhar para uma agricultura altamente mecanizada, uma agricultura sem homens, e conviver com favelas apinhadas? Ora, o Brasil tem o valor da sua gente e tantos recursos de que dispor que, não fazendo bobagem, a perspectiva é de futuro promissor. Às vezes me passa uma coisa pela cabeça: a desforra dos trópicos. Durante muito tempo lidou-se com a ideia de que o trópico era um obstáculo ao progresso. Os europeus vangloriavam-se do clima onde viviam. Pois este é mais um mito que vem abaixo. E novos cenários se descortinam neste lado do mundo.