Os algoritmos são a nova gramática do poder. Eles estão
enraizados nas plataformas digitais invisíveis, alertou o professor
franco-canadense Serge
Proulx em palestra proferida para a comunidade acadêmica da Comunicação
da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), na segunda-feira, 8, quando
questionou o "solucionismo tecnológico".
A reportagem é de Edelberto
Behs e publicada pela Agência
Latino-Americana e Caribenha de Comunicação - ALC,
12-04-2013.
"Em qual mundo vivemos?" - indagou Proulx ao falar de
participação na era digital, que definiu como "um poder de ação frágil e
paradoxal". Ele formulou uma crítica à sociedade em rede, perguntando em que se
tornou a promessa de liberdade anunciada nesses novos tempos.
Reportando-se ao sociólogo bielorusso Evgenij
Morozov, o palestrante destacou que a internet é centralizada e
hierarquizada, dominada pelas grandes empresas como Google,Microsoft, Yahoo e
outras, que controlam as plataformas através dos algoritmos.
A crença na abolição da hierarquia é quase um mito religioso, disse. Uma mudança proposta na wikipedia passa por uma hierarquia, que a adota o u não. A rede é um modelo social e político que está na base da reestruturação das organizações. Morozov afirma que existe uma cultura da internet única e coerente no fundamento de um novo paradigma.
O internetcentrismo, uma categoria proposta por Morozov, procura aplicar o modelo da internet para todas as instâncias da vida, como se ela fosse a solução para os problemas do mundo, como se fosse um modelo de engajamento cidadão. A ideologia da comunicação, que Proulx desenvolveu em parceria com Philippe Breton, questiona a ideia de que todos os problemas se resolvem pela comunicação e negociação.
"A maioria dos problemas são engendrados por interesses divergentes e não podem ser resolvidos pela comunicação, pela crença no milagre técnico do digital, ou pensar que trará maior democracia e soluções prontas para a humanidade", afirmou. Naquele caso, toda e qualquer solução seria uma questão de algoritmo, sem levar em conta a dimensão filosófica, antropológica, psicológica da pessoa humana, admoestou.
As tecnologias inteligentes que se propõem a ajudar as pessoas na tomada de decisões controlando seus gestos e opiniões postula um modo de vida em que as incoerências são completamente eliminadas, e reduzem as problemáticas sociais a simples carências individuais, apontou.
Para Proulx, está subjacente a isso tudo o perigo do conservadorismo. "A inovação tecnológica nem sempre se traduz em uma inovação social. As máquinas nem sempre tomam as decisões certas. Elas reduzem o nosso tempo de decisão, o que coloca em cheque a nossa responsabilidade humana, política e social", alertou.
A midiatização do mundo, disse, é um mundo organizado e controlado pelo algoritmo. MasProulx reconhece que a midiatização incentiva a cooperação, a difusão de conhecimento sem alguma contrapartida monetária, como ocorre com o software livre, web 2.0, wikipedia, baseada na criação de conteúdos pelos próprios usuários. As pessoas sentem prazer nessa criação voluntária de um bem coletivo sem esperar retorno financeiro.
Proulx faz duas leituras da realidade produzida pela sociedade em rede. A primeira, procedente de pensadores do capitalismo cognitivo, que encara a transformação do sistema como uma possibilidade, mas sem abandonar a ideia de mercado.
A outra leitura, de uma utopia pós-mercantil, permite sonhar com uma superação do capitalismo pelas dissidências digitais, inventando um mundo que sobreviva fora do mercado. O ato criativo po de ser o embrião dessa revolução silenciosa. O horizonte de um mundo pós-mercantil é frágil, pode ser efêmero, "mas é a esperança que me habita", destacou Proulx.
Serge Proulx é professor titular da École des Médias, da Université de Québec e Montréal, no Canadá, e professor associado do Télécom ParisTech, França. Autor de dezenas de livros, ele ministrará, de 15 a 19 de abril, o Seminário Mutação da Comunicação: Emergência de uma Cultura da Contribuição na Era Digital, do Programa de Pós-Graduação da Ciência da Comunicação da Unisinos.
A crença na abolição da hierarquia é quase um mito religioso, disse. Uma mudança proposta na wikipedia passa por uma hierarquia, que a adota o u não. A rede é um modelo social e político que está na base da reestruturação das organizações. Morozov afirma que existe uma cultura da internet única e coerente no fundamento de um novo paradigma.
O internetcentrismo, uma categoria proposta por Morozov, procura aplicar o modelo da internet para todas as instâncias da vida, como se ela fosse a solução para os problemas do mundo, como se fosse um modelo de engajamento cidadão. A ideologia da comunicação, que Proulx desenvolveu em parceria com Philippe Breton, questiona a ideia de que todos os problemas se resolvem pela comunicação e negociação.
"A maioria dos problemas são engendrados por interesses divergentes e não podem ser resolvidos pela comunicação, pela crença no milagre técnico do digital, ou pensar que trará maior democracia e soluções prontas para a humanidade", afirmou. Naquele caso, toda e qualquer solução seria uma questão de algoritmo, sem levar em conta a dimensão filosófica, antropológica, psicológica da pessoa humana, admoestou.
As tecnologias inteligentes que se propõem a ajudar as pessoas na tomada de decisões controlando seus gestos e opiniões postula um modo de vida em que as incoerências são completamente eliminadas, e reduzem as problemáticas sociais a simples carências individuais, apontou.
Para Proulx, está subjacente a isso tudo o perigo do conservadorismo. "A inovação tecnológica nem sempre se traduz em uma inovação social. As máquinas nem sempre tomam as decisões certas. Elas reduzem o nosso tempo de decisão, o que coloca em cheque a nossa responsabilidade humana, política e social", alertou.
A midiatização do mundo, disse, é um mundo organizado e controlado pelo algoritmo. MasProulx reconhece que a midiatização incentiva a cooperação, a difusão de conhecimento sem alguma contrapartida monetária, como ocorre com o software livre, web 2.0, wikipedia, baseada na criação de conteúdos pelos próprios usuários. As pessoas sentem prazer nessa criação voluntária de um bem coletivo sem esperar retorno financeiro.
Proulx faz duas leituras da realidade produzida pela sociedade em rede. A primeira, procedente de pensadores do capitalismo cognitivo, que encara a transformação do sistema como uma possibilidade, mas sem abandonar a ideia de mercado.
A outra leitura, de uma utopia pós-mercantil, permite sonhar com uma superação do capitalismo pelas dissidências digitais, inventando um mundo que sobreviva fora do mercado. O ato criativo po de ser o embrião dessa revolução silenciosa. O horizonte de um mundo pós-mercantil é frágil, pode ser efêmero, "mas é a esperança que me habita", destacou Proulx.
Serge Proulx é professor titular da École des Médias, da Université de Québec e Montréal, no Canadá, e professor associado do Télécom ParisTech, França. Autor de dezenas de livros, ele ministrará, de 15 a 19 de abril, o Seminário Mutação da Comunicação: Emergência de uma Cultura da Contribuição na Era Digital, do Programa de Pós-Graduação da Ciência da Comunicação da Unisinos.