sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Livre do Ego


Você pode pensar que se abandonar seu


mundo do ego, vai se tornar passivo e


indefeso como algum boneco de testes, e as


pessoas irão tirar vantagem de você. Ou que


você iria vagar por aí nas ruas sem rumo e


sem o que fazer.





Se fosse o caso, como um mestre budista


contemporâneo apontou, seriam necessárias


seções para iluminados nos hospitais, para


tratar budas machucados ou socialmente


inoperantes. Mas esse não é o caso.





Em vez de serem os pacientes, as pessoas


que alcançam qualquer grau de iluminação são


aquelas que constróem hospitais para outras


pessoas. Sua inteligência e compaixão são


praticamente desobstruídas, e elas tendem a


se tornar cidadãos bem ativos e efetivos.




Samuel Bercholz, em "Entering the Stream".




Questão

Já que JHolland provocou-me pessoalmente mas não postou a provocação, eu o faço. Respondam:
1 + 1 = 2 ?

ABC Deleuziano

Tentativa de usar o Google Docs para "postar" textos muito longos.
Vejam se funciona, o endereço deste texto é:
http://docs.google.com/View?docid=dgxtqmrj_0grgzcb

A revolução silenciosa: como viver sem fazer compras

Os nossos hábitos de fazer compras de forma desmedida ameaçam seriamente o planeta. Todavia está em curso uma revolução silenciosa protagonizada por aqueles que, em vez de comprarem, preferem reciclar e partilhar. Aqueles que se empenham em viver sem o deus Dinheiro.
Trata-se provavelmente da mais recente revolução pacífica, aquela que está em curso em diversos países. Na verdade, mais do que discursos e teorias sobre as mudanças sociais, importa revolucionar atitudes e comportamentos e, com efeito, se o consumismo se traduz numa atitude que se funda num modelo económico ambientalmente insustentável, então comprar menos ou, pura e simplesmente, não comprar, são estratégias adequadas, mais directas e imediatas, para que as coisas mudem.
Foi com esta ideia que um grupo de residentes da baía da São Francisco ( na Califórnia) decidiu unir esforços, depois de um animado debate interno nos finais de 2005, e tomaram a firme resolução entre si de nada comprarem ao longo do ano seguinte ( 2006). Viveriam de forma simples, ajustando entre si as necessidades, efectuando trocas e intercâmbio de bens e serviços, e recorrendo em última instância, sempre que necessário, ao mercado de segunda mão para adquirir bens que não poderiam dispensar. O grupo era formado por professores, engenheiros, estudantes e alguns profissionais, e em breve, ganhou renome mundial graças à Internet, sob o nome de The Compact. A experiência constituiu um êxito, pelo que decidiram repetir a sua experiência de abstinência consumista no ano de 2007.
Actualmente contam com um blogue muito visitado e o seu newsgroup na Yahoo já tem 3.000 inscritos que trocam ideias e experiências como viver sem dinheiro e sem ir às compras.
A ideia do grupo The Compact já vêm do ideário histórico da contracultura e de alguns movimentos alternativos que despontaram nas últimas décadas nos países capitalistas desenvolvidos, mas a novidade está no facto de ter envolvidos pessoas que até ali estavam bem integradas, social e profissionalmente, nos seus meios sociais. Note-se que os aderentes à experiência do grupo The Compact tinham previamente estabelecido um limite temporal para a sua experiência, a partir do qual cada elementos era livre de regressar aos seus anteriores hábitos consumistas.




Alicia é uma ex-estudante de Belas Artes de 24 anos, actualmente ocupa numa casa em Barcelona, que se converteu entretanto numa especialista de reciclagem e de uma maneira de viver alternativa que é viver sem dinheiro. É também autora de um guia, único no género na Catalunha, de recursos gratuitos, onde é possível encontrar a lista dos locais onde se poder gratuitamente, navegar na net sem gastar um tostão, adquirir mobiliário e certos acessórios sem dinheiro, assim como locais para viver e trocar coisas e conhecimentos…

Segundo as suas próprias palavras trata-se de um guia para se viver de outra maneira, e romper com as cadeias que nos prendem ao consumismo.

« É um crime continuar a comprar comida quando há todos os dias há imensas sobras que são deitadas fora. Para que vou comprar pão numa padaria, se cada dia me dão 10 regueifas de bom pão das sobras, na hora do fecho do estabelecimento?» interroga-se Alicia.
Uma atitude como esta pode ser vista como penosa para quem tiver uma mentalidade convencional, mas é considerado o comportamento mais lógico e racional para os activistas dos movimentos alternativos. Aliás, um estudo realizado por Timothy Jones, professor da Universidade do Arizona, confirma essa ideia: a metade dos alimentos produzidos nos Estados Unidos da América vão parar aos contentores de lixo, o que supõe um desperdício de 100.000 milhões de dólares ao ano. Na Europa, as coisas não são diferentes.

O objectivo da Alicia é ajudar as pessoas mais pobres e fracas da grande cidade e lutar para desestruturar as bases do capitalismo e criar um mundo mais sustentável:
«não quero fazer nada que leve a mais produção, que reforce o mercado ou que seja cúmplice do sistema repressivo».
O sistema a que Alicia se refere é o capitalismo dominante de que os Estados Unidos da América é a potência hegemónica, e que um dos principais símbolos é o Mayflower Compact, um documento escrito e assinado em 1620 pelos passageiros do barco Mayflower aquando da sua chegada à costa leste e que está na origem dos Estados Unidos da América.
Quatro séculos é a esse mesmo contrato social fundacional que alude o nome do grupo The Compact,só que desta vez o seu sentido é diferente pois o que se pretende é de refundar uma sociedade onde não haja necessidade de fazer comprar nem venerar o deus Dinheiro.
«Somos pessoas para quem reciclar não basta», afirma John Perry, um dos membros do grupo The Compact, que acrescenta: «Tentamos sair da prisão em que o consumismo nos encerra, porque consideramos que a cultura e a sociedade do consumo está a destruir o mundo. A única maneira de sair da crise ecológica e socio-económica em que estamos mergulhados é deixar de comprar. Enquanto as massas invadem os centros comerciais os membros compacteros exercitam-se em vários ofícios. Visitam ainda as lojas de segunda mão ou os mercados de trocas e, quando não encontram o que procuram, recorrem aos outros membros do grupo. Matt e Sarah precisavam de uma cortina de banho, por exemplo. Perguntaram primeiro ao grupo se havia necessidade de a comprar. Como a resposta foi «não», fizeram então um apelo ao grupo, e apareceu alguém a quem sobrava uma cortina e a ofereceu a eles.
The Compact não é só um local de trocas e de intercâmbio. É sobretudo um grupo de apoio mútuo e uma semente para os movimentos sociais. Os seus membros partilham conhecimentos, aconselham-se reciprocamente e oferecem apoio moral o que permite compensar as gratificações psicológicas que normalmente o consumo está associado.
Para Kate Boyd, professor de teatro, a sua nova forma de vida, livre do consumismo, é, em todos os sentidos, mais tranquila:«tenho mais tempo e já não sinto aquela pressão para estar sempre a fazer compras de todo o tipo, e que em geral não tenho necessidade.»
O acto de comprar tem profundas implicações sociais, culturais e até espirituais. Nas nossas sociedades consumistas os objectos que encontramos à venda não são apenas coisas, mas também símbolos que transmite toda uma série de mensagens acerca do ideal de vida, as relações entre os sexos, o status social, etc. O consumidor vai construindo uma identidade mediante as coisas que vai comprando. Uma identidade banal e alienada. Se no século passado os filósofos interrogavam-se sobre se trabalhávamos para viver ou vivíamos para trabalhar, hoje em dia a questão é saber se consumimos para viver ou se vivemos para consumir.
Peter Sealey, professor na Escola de Negócios Haas da Universidade de Berkeley, crê que o fenómeno do grupo The Compact representa um movimento mais geral que consiste num estilo e num modo de viver mais amigo do planeta, e de que farão parte também os edifícios verdes e os alimentos naturais, o consumo responsável e ético, apesar de duvidar sobre a sua viabilidade numa sociedade de mercado, uma vez que um tal movimento ataca directamente as bases do sistema. De qualquer modo, sempre é uma chamada de atenção para as consequências sociais e ecológicas do consumismo.
Runa Bjorg, de origem islandesa, e membros do grupo The Compact está consciente das limitações do projecto, tanto mais que não está nos propósitos do grupo influir sobre a vontade dos fabricantes nem das massas de consumidores. Mesmo assim, considera que a iniciativa pode contribuir e ajudar à consciencialização sobre o impacto ambiental de produzir muitas coisas que, em pouco tempo, se tornarão em lixo.
Ele confessa: « As sensações mais agradáveis que senti, desde que formo parte do grupo, foi quando tivemos de tomar decisões acerca da necessidade de comprar ou não comprar, sem nos deixarmos arrastar pela publicidade e pelas campanhas sugestivas dos vendedores. Senti aí uma vitória pessoal.»

Os elementos do grupo The Compact apostam na capacidade de cada qual controlar a saber orientar a sua própria vida, um bocado à imagem do ideal dos anarquistas que pretendem abolir o dinheiro.
Múltiplas iniciativas se multiplicam um pouco por todo o lado nos países desenvolvidos para escapar ao modelo reinante do todo-poderoso dinheiro e do não menos perigoso consumismo. Os grupos de troca, por exemplo, vão proliferando aqui e ali, permitindo não só fazer face a dificuldades financeiras, como reforçar os laços sociais e criar novas relações sociais baseadas na cooperação, face a uma lógica hostil como é a competitividade capitalista. Os sistemas trocais ajudam a economia familiar, a aproximação entre os consumidores, e abrem uma quantidade de portas como o estabelecimento de pontes entre produtores e consumidores.

O website http://www.freecycle.org/ é um conhecido meio comunitário de doações mútuas e conta hoje com 3,5 milhões usuários em todo o mundo, registando cerca de 4.000 grupos locais. Uma única norma foi fixada: que tudo o que é oferecido o seja legal e gratuitamente.
Os sistemas trocais são tão antigos como a humanidade, se bem que a sua versão mais moderna tenha nascido em Counterbary ( Canadá) por volta de 1983 como resposta à crise que atingiu aquela região, e daí se expandiu para os Estados Unidos e para a Europa. Já não são apenas nos mercados que se efectuam trocas recíprocas, também a Internet passou a ser um meio fundamental para facilitar esses sistemas de troca directa entre os interessados em viver de forma não-dependente do deus dinheiro.
O grupo The Compact reúne pessoas das mais variadas origens que se constituíram como rede anti-consumo e que levam a sério uma declaração de princípios que os seus aderentes se comprometem a respeitar e que consistem fundamentalmente em evitar as compras desnecessárias. O objectivo é lutar contra o consumismo reinante, resistir ao poder invasor das grandes empresas multinacionais, e apoiar o comércio e a agricultura local, para o que não basta cultivar e desenvolver a cultura da reciclagem. Outros objectivos são reduzir a quantidade descomunal de resíduos de todo o género e simplificar a vida, escapando à competitividade individualista que impera nas sociedades e economias capitalistas.
Não comprar nada de novo – eis a primeira e a principal regra do grupo The Compact. Em vez disso, admite-se a aquisição de bens em segunda mão, a troca e os empréstimos. Todavia, esta regra admite excepções: pode-se comprar novos bens alimentares, bebidas, medicinas, material de higiene e roupa interior.
Quanto aos serviços a regra é para se recorrer aos profissionais mais próximos. Presentes pessoais são aceites desde que não sejam usados como gratificação.
Consultar:

1) to go beyond recycling in trying to counteract the negative global environmental and socioeconomic impacts of U.S. consumer culture, to resist global corporatism, and to support local businesses, farms, etc;

2) to reduce clutter and waste in our homes (as in trash Compact-er);

3) to simplify our lives (as in Calm-pact)

So, here goes for the rules:• First principle - don't buy new products of any kind (from stores, web sites, etc.)• Second principle - borrow or buy used.• A few exceptions - using the "fair and reasonable person" standard -- i.e., you'll know in your heart when you're rationalizing a violation:• food, drink, and necessary medicine (no elective treatments like Viagra or Botox)• necessary cleaning products, but not equipment (don't go out and buy the Dyson Animal, for example).• socks and underwear (utilitarian--non-couture or ornamental)• pajamas for the children• Utilitarian services (plumbers, electricians, auto mechanics, veterinarians, dog/house-sitters, fire/paramedics, dry cleaners, house cleaners, etc.) -- Support local and encourage used parts (rebuilt transmission, salvaged headlight unit, etc.)• Recreational services (massage, etc.) & local artisanal items - Good sources for gifts, but should not be over-indulged in for personal gratification• Charitable contributions (Seva, Heifer, and the like) - an even better source for gifts• Plants and cut flowers - Whenever possible, cultivate from free cuttings or seeds. Ok in extreme moderation (yo, incoming oxy) when purchased from local businesses (i.e., not the Target Garden Shop)--and again, within reason• Art supplies - First line of attack: SCRAP. When absolutely necessary (for the professionals and talented amateurs in the group), from local businesses• Magazines, newspapers, Netflix - renewals only, no new subscriptions. Even better to consume online• Video rentals and downloadable music files (non-material) -- freely shared and legal, please

For fresh produce:

Terra Firma (like The Box, but community supported agriculture, entirely sourced from Yolo County farms.)
For secondhand purchases and for recycling/donating:http://www.craigslist.org/ (classifieds, free section, forums for local business leads, etc.)freecycle (join the SF chapter)Green Apple, Red Hill, etc.SF Public Library (rediscover)Building REsources
For spiritual support and guidanceRev. Billy and the Church of Stop Shopping (we're still looking for a private audience with the Reverend. A puptent meeting, if you will.)

Fonte: http://pimentanegra.blogspot.com/2007/11/como-viver-sem-fazer-compras-e-sem.html

O assalto 'neocon' à "democracia"

O novo livro de Al Gore, O assalto à razão é o tema do comentário de Jordi Sevilla para o El País, 3-11-2007. A ascensão dos neocons ao poder nos EUA e o pretenso resgate dos valores mais caros ao país trata-se de uma farsa. Pelo contrário, os neocons são uma negação dos princípios formulados pelos “Pais fundadores” da pátria americana. A tradução é do Cepat.


Eis o artigo.

Al Gore
não foi apenas senador durante muitos anos, vice-presidente dos Estados Unidos com Clinton – quando impulsionou uma importante reforma administrativa – e quase presidente frente ao atual Bush, ganhou ainda uma merecida repercussão com a defesa do meio ambiente através do seu filme e livro Uma verdade inconveniente. Nos surpreende agora com este interessante livro de pura política, em toda a extensão da palavra, de leitura fácil como intensa e, que levantou rumores, de novo, sobre a sua candidatura à presidência.
Uma das vigas mestra com que constrói o livro e que lhe permite desenvolver um jogo amplo e frutífero é comparar a realidade atual da política americana com o que foram os princípios essenciais da revolução americana expostos pelos “Pais Fundadores”. As condições iniciais da democracia com a situação de hoje. O que pensaram e fizeram os primeiros presidentes com o que está fazendo o atual inquilino da Casa Branca.
O resultado é demolidor e muito interessantes ao caracterizar os neoconservadores do presidente Bush como algo não apenas distante dessa tradição americana, mas como contrários aos valores essenciais da nação. Acostumados como estamos a que todos os conservadores reivindiquem a sua vinculação com a essência do passado pátrio, o convincente exercício que faz Al Gore para demonstrar o contrário no caso de Bush é altamente estimulante se se tem presente, por exemplo, os esforços de nossa direita para atribuir-se o protagonismo de uma transição democrática espanhola reinventado por eles.

Sobre esta viga constrói três discursos complementares que se reforçam ao longo do livro. No primeiro, Al Gore reflete sobre como a televisão é um dos elementos chaves que mudaram as condições em que se fazem políticas ao ponto de questionar algumas das raízes essenciais com as quais se construiu o sistema democrático. Promove a passividade dos indivíduos convertidos em expectadores ao contrario de protagonistas do debate, simplifica as mensagens políticas até tornar impossível um argumento que exceda os vinte segundos em que cabe um slogan ou uma consigna, torna mais importantes a cor da gravata do que o conteúdo e se exige quantidades volumosas de dinheiro para as campanhas apenas acessíveis para uns poucos. Dado que a essência da democracia requer cidadãos bem informados ativos e dispostos a debater com argumentos, a onipresença da televisão em sua fórmula atual reduz a qualidade da democracia como assinala, também, entre outros, Sartori com seu hommo viddens.


A segunda linha de debate que apresenta o livro é uma das melhores e mais rotundas críticas ao que tem representado a presidência de Bush para os Estados Unidos e para o mundo. A utilização sistemática da mentira na guerra do Iraque, a complacência com a tortura em Guantánamo, a fabricação de um Estado do medo permanente e indefinido que justifica um autoritarismo crescente, o abuso do veto presidencial para reduzir poderes do Congresso, a ocupação descarada do poder judicial mediante manobras obscuras, a submissão da Casa Branca em assuntos com a mudança climática aos interesses das grandes corporações que financiaram a campanha eleitoral, a negação em informar e prestar contas aos cidadãos utilizando de uma maneira exagerada o segredo oficial, a introdução da religião e dos valores mais reacionários na cotidianidade da ação publica presidencial, etc.

Recordo que não se trata de um livro do intelectual radical Chomsky, ou das narrações do jornalista Woodward. Trata-se da denúncia contundente e tranqüila de um patrício americano que foi do establishment e que poderá voltar a sê-lo, de um político preocupado pela degeneração que está passando a democracia em mãos de um grupo de neoconservadores que não acreditam nos princípios fundadores dos Estados Unidos, primos irmãos dos da Revolução Francesa, nem crêem na razão como elemento articulador de uma sociedade livre. Uns reacionários cuja obsessão é mobilizar as emoções convencidos de que a vitória não se consegue com bons argumentos.Este assalto à razão, que fornece o título do livro em inglês é a terceira e, mais importante linha de argumentação de Al Gore em sua crítica do que está acontecendo no Estados Unidos e em todo o mundo ocidental.

O debate não é novo e faz décadas que o filósofo marxista Lukács já escreveu um livro assim intitulado. A defesa da razão frente à tradição ou a religião como princípios organizadores de uma sociedade livre e democrática não tem estado isenta de problemas ao longo do século XX. Entretanto, em que pese as suas insuficiências (ver o livro de Walzer sobre razão, política e paixão) os abusos impelidos pelos neocon demonstram que qualquer sistema político baseado em princípios diferentes à razão, é, o que acaba sendo incompatível com a democracia e a liberdade individual tal como as entendemos e como as entendiam os redatores da Declaração da Independência.



E um dos principais valores do livro que comentamos está no fato de relacionar as ações concretas da gestão Bush com um projeto ideológico global, vinculado a um pensamento supostamente pós-moderno, mas que é realmente anti-moderno, elaborado para assentar as bases da convivência em princípios diferentes ao que fundamenta as nossas democracias atuais.

Princípios mais injustos, porque defendem os fortes e os ricos – mais reacionários porque se movem por sentimentos e não por argumentos e menos éticos porque não se detém diante da tortura, da mentira e da manipulação.

Estaríamos diante da tentativa de se impor uma nova forma de poder político que, liberto das restrições e controles do que definem uma democracia, se sintam impunes para redefinir a realidade à base da propaganda, defender os interesses de quem lhes patrocinam e reprimir com dureza aqueles que discordem.

Na Roma de Cícero e de Calígula já aconteceu algo semelhante. Acreditávamos superado esse estado de natureza a favor de uma civilização baseada na razão e na ciência como antídoto frente a este tipo de fundamentalismos.

Fonte:http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=10592