segunda-feira, 15 de junho de 2009

Mega-monitoramento


MONITORAMENTO DE CONTAS PELO BANCO CENTRAL

Apelidado de Hal, o cérebro eletrônico mais poderoso de Brasília fiscalizará as contas bancárias de todos os brasileiros, incluindo poupanças e investimentos.Também se presta a acompanhar os ingressos e remessas de dividas no e para o Brasil.

Desde a manhã da segunda-feira (07/05), trabalha sem cessar no quinto subsolo do Banco Central um supercomputador instalado especialmente para reunir, atualizar e fiscalizar todas as contas bancárias das 182 instituições financeiras instaladas no País.

Seu nome oficial é Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional - CCS na sigla abreviada, já apelidado de HAL "o sabichão".

A primeira carga de informações que o computador recebeu durou quatro dias ininterruptos (+ de 100 h).
Ao final do processo, ele havia criado nada menos que 150 milhões de diferentes pastas (uma para cada correntista do País), interligadas por CPF's e CNPJ's aos nomes dos titulares e de seus procuradores.

A cada dia, Hal acrescentará a seus arquivos cerca de um milhão de novos registros, em informações providas pelo sistema bancário. Outra carga deverá ser feita com as informações do antigo sistema da CPMF, que embora não seja mais cobrada, ainda capta dados das contas.

A partir desta semana, quando o sistema se estabilizar, o CCS deverá responder a cerca de 3 mil consultas diárias e disponível 24 h por dia.


Toda conta que for aberta, fechada, movimentada ou abandonada, em qualquer banco do País, estará armazenada ali, com origem, destino e nome do proprietário, podendo gerar certidão com níveis diversos de informações, todas autenticadas e com validade oficial como prova.

São três servidores e cinco CPU's de diversas marcas trabalhando simultaneamente, no que se costuma chamar de cluster. Idêntico potencial somente no Pentágono e na NASA.

Este conjunto é o novo coração de um grande sistema de processamento que ocupa um andar inteiro do edifício-sede do Banco Central.

Seu poderio não vem da capacidade bruta de processamento, mas do software que o equipa.

Desenvolvida pelo próprio BC, a inteligência artificial do Hal consumiu a maior parte dos quase R$ 20 milhões destinados ao projeto - gastos principalmente com a compra de equipamentos e o pagamento da mão-de-obra especializada.

Só há dois sistemas parecidos no planeta. Um na Alemanha, outro na França. Mas ambos são inferiores ao brasileiro. No alemão, por exemplo, a defasagem entre a abertura de uma conta bancária e seu registro no computador é de dois meses. No francês é de 21 dias.

Aqui, o prazo é de, no máximo, dois dias. Não por acaso, para chegar perto do Hal, é preciso passar por três portas blindadas, com código de acesso especial (digital tripla, pela íris e com dupla senha).

Visto em perspectiva, o sistema é o complemento tecnológico do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP), que, nos anos de Armínio Fraga à frente do BC (2000), uniformizou as relações entre os bancos, as pessoas, empresas e o governo.

Com o Hal, o Banco Central ganha uma ferramenta tecnológica a altura de um sistema financeiro altamente informatizado e moderno.

Estamos na vanguarda e vamos prestar um serviço contra a sonegação e corrupção - diz o diretor de Administração do BC, João Antônio Fleury.

O supercomputador promete, também, ser uma ferramenta decisiva no combate a fraudes, caixa dois e lavagem de dinheiro no Brasil.

"Vamos abrir senha para que os juízes possam acessar diretamente o computador", informa Fleury..

O banco de dados do Hal remete aos movimentos dos últimos cinco anos (para efeitos fiscais), mas vai buscar desde 2000 (SBP) para efeitos de quebra de sigilo, provas judiciais e outras questões jurídicas e processuais.

Antes de sua chegada, quando a Justiça solicitava uma quebra de sigilo bancário, o Banco Central, era obrigado a encaminhar ofício a 182 bancos, solicitando informações sobre um CPF ou CNPJ. E há que se lembrar dos ofícios de cada Juízo aos Bancos, individualmente, e cada Comarca. Agora multiplique-se isso por três mil pedidos diários e o fluxo de papéis, trâmite de oficiais de justiça e autuações.

São 546 mil pedidos de informações à espera de meio milhão de respostas. Esse represamento deve "zerar" até o final deste ano.

Em determinados casos, o pedido de quebra de sigilo chegava ao BC com um mimo: "Cumpra-se em 24 horas, sob pena de prisão".

A partir da estréia do Hall, com um simples clique, COAF, Ministério Público, Polícia Federal, a Nova SuperReceita e qualquer juiz têm acesso a todas as contas que um cidadão ou uma empresa mantêm no Brasil.

R$ 20 milhões foi o orçamento da criação do cadastro de clientes do sistema financeiro (CCS). Sob controle, agora além dos 182 bancos, estão as 150 milhões de contas e mais de 1 milhão de dados bancários de movimentação, por dia, o ano todo, e com armazenamento de até 30 anos.

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