terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Robôs para suprir a falta de seres humanos



Na maioria dos filmes norte-americanos de ficção-científica, os robôs costumam representar certo perigo para a humanidade, em alguns inclusive chegam a governar o planeta Terra acima dos seres humanos. Por outro lado, em filmes e na manga japonesa os robôs costumam ser criaturas amáveis, empáticas e com sentimentos. São seres benévolos e inclusive heróicos. Por exemplo, em algumas séries de desenho animado, os robôs ajudam a humanidade a salvar o nosso planeta das ameaças de extraterrestres. A maioria dos japoneses gosta da ideia de uma sociedade na qual os robôs tomem cada vez mais protagonismo auxiliando-os na vida diária.

A reportagem é de Héctor García e está publicada no jornal espanhol El País, 24-12-2009. A tradução é do Cepat.

Há uma previsão de que a população do Japão passe dos atuais 127 milhões de habitantes para 103 milhões, em 2050. Esta previsão é otimista quanto às taxas de natalidade e de imigração. Trata-se de uma diminuição de população sem precedentes na história da humanidade e que já está afetando a economia do país.

Atualmente, o Japão é o país com maior população de robôs do mundo. Em todo o planeta há 1.000.056 robôs industriais em funcionamento, de acordo com o censo realizado pela Federação Internacional da Robótica. Quase a terça parte destes robôs, 298.000 unidades, está no Japão, 166.000 nos Estados Unidos, Canadá e México, e 336.000 na Europa. O mercado da robótica industrial representou em 2008 mais de 9 bilhões de euros, e 79% deste mercado é controlado por corporações japonesas, sendo a maior delas a Kawasaki, mais conhecida no Ocidente por suas motos que por seus robôs.

Anos atrás se debatia o problema que poderia supor que os robôs tirassem trabalho dos seres humanos, o que aumentaria as taxas de desemprego. No Japão, o irônico é que a falta de seres humanos está fazendo necessário que os robôs os substituam sem afetar minimamente a taxa de desemprego. Os robôs se converteram em parte da mão-de-obra do país. A Toyota é a empresa do mundo que mais robôs industriais tem em funcionamento e é também a empresa que os utiliza com maior eficiência. As linhas de produção da Toyota são as mais rápidas do mundo; seus robôs podem construir um carro em horas sem nenhuma intervenção humana.

Outro tipo de robô que está começando a suprir a falta de pessoas são os robôs de serviço. O Japão enfrenta uma grande falta de enfermeiros e enfermeiras. Uma consequência do envelhecimento da população é que cada vez há mais pessoas que ingressam em hospitais e centros geriátricos. A falta de jovens que possam trabalhar assistindo a anciãos se resolve com robôs capazes de ajudar uma pessoa a se levantar da cama e acompanhá-la até o banheiro ou fritar-lhe um ovo.

Defesa, resgate, segurança e logística, são outros setores nos quais os robôs de serviço vão cobrando protagonismo. Já há vários casos em que os robôs foram os heróis de um resgate, sobretudo em casos de terremotos.

Entre robôs industriais, robôs de serviço e robôs domésticos se calcula que há uma população ativa de mais de cinco milhões de robôs no Japão. Para o final da próxima década as estimativas dizem que serão mais de 30 milhões. Os robôs estão cada vez mais presentes em nossa vida diária, não só no Japão, mas em todo o mundo. Estão aqui para facilitar a nossa vida e, de forma indireta, estão mudando as regras do jogo na sociedade e na economia, assim como o fizeram os computadores na segunda metade do século XX.


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