quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A dieta do clima. Coma menos carne e combata o aquecimento



Das centenas de dietas criadas nos últimos anos esta, certamente, é a mais politicamente correta de todas: siga seus preceitos e ajude a salvar o planeta do aquecimento global. De quebra, ganhe uma vida mais saudável e, quem sabe, alguns quilos a menos.

É a dieta com baixos teores de carne vermelha, no máximo 400 gramas por semana.

A reportagem é do jornal O Globo, 11-02-2009.

Se for adotada no mundo todo, calculam especialistas, a redução de emissões de gases-estufa seria da ordem de 10%, uma economia de nada menos que US$ 20 trilhões nos custos do combate às mudanças climáticas — cerca da metade do valor total necessário para tal tarefa em 2050.

A diminuição da criação de animais seria uma forma natural de diminuir as emissões e reduzir os investimentos em outras formas mais caras de combate aos poluentes.

O estudo realizado por especialistas da Agência de Impacto Ambiental da Holanda concluiu que os hábitos alimentares modernos — calcados numa dieta muito rica em carne vermelha — têm um impacto significativo no aquecimento do planeta.

E a redução do consumo de carne bovina, de porco, de frango e ovos criaria um novo sorvedouro de dióxido de carbono.

Pode não parecer óbvio de imediato, mas a criação extensiva de animais tem um grande impacto no clima. Em primeiro lugar, porque quanto mais a dieta global for baseada no consumo de carne, maior terá que ser a criação e, portanto, a área que deixaria de ser ocupada por vegetação — que, naturalmente, absorve carbono.

A flatulência dos bois e o metano

Além disso, para alimentar os animais, há uma ampliação no cultivo de grãos, o que geralmente demanda o uso de energia geradora de emissões poluentes. Para se ter uma ideia, a produção de um único quilo de carne bovina demanda o gasto de 15 quilos de grãos e 30 quilos de forragem.

Por último, mas não menos importante, há a questão da flatulência.

O principal gás expelido pelos extensos rebanhos mundiais é o metano — um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.

O grupo responsável pelo novo estudo, coordenado por Elke Stehfest, calculou o impacto do consumo de carne no custo da estabilização dos níveis de CO2 na atmosfera em 450 partes por milhão — um padrão que, segundo muitos cientistas, é necessário para prevenir graves alterações climáticas, como secas frequentes e elevação do nível dos mares.

Se os hábitos alimentares não se alterarem, em 2050, para alcançar esse nível de dióxido de carbono, as emissões teriam que ser reduzidas em dois terços , o que custaria aproximadamente US$ 40 trilhões.

Mas, se a população mundial passar a seguir uma dieta pobre em carne vermelha — definida como 70 gramas de carne bovina e 325 gramas de frango e ovos por semana — cerca de 15 milhões de quilômetros quadrados de área ocupada pela criação de animais seria liberada para vegetação.

As emissões de gases do efeito estufa seriam reduzidas em 10% com a queda do número de animais. Juntos, esses impactos reduziriam em 50% os custos do combate às mudanças climáticas em 2050.

Os cientistas sugerem que, para ajudar os consumidores, o custo ambiental da carne — ou o volume de emissões de CO2 e metano por porção — seja incluído nos rótulos.


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