História do Sítio São José da família Ferreira
Vi ontem no canal Futura um programa chamado jeitinho brasileiro. No programa a história da família Ferreira que tem um Sítio autosustentável em Paraty. Claro, que a primeira coisa que fiz hoje foi procurar mais referências na internet e acabei achanod o blog deles. Abaixo transcrevo a história da famíla até chegar no grau de sustentabilidade de hoje.
O blog com endereço e contatos é: http://agroflorestaferreira.blogspot.com/
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O local foi descoberto em 17 de novembro de 1987, a partir daí o local foi preparado para a construção de um barraco para moradia. Contava com a ajuda de dois amigos do serviço. A construção era coberta com palha e mudei sem colocar porta em 18 de janeiro de 1988, depois a porta foi feita de vara.
Entrei para morar nessa terra com minha mulher e três filhos, a coragem e a Fé em Deus.
Deixei para trás 18 anos de carteira assinada e varias profissões inclusive a de mestre de obras. Estava sendo mais um começo na minha historia, desta vez com muita esperança porque era o que sempre quis: voltar para a terra, era um sonho de quase 18 anos. Em pouco tempo já estava colhendo o básico.
Em julho de 1989 começamos a colher os primeiros cachos de banana, era acultura de mercado da região, acreditava-se que a banana era uma boa alternativa. Também introduzi a cultura do café pensando em melhorar a renda, para cobrir as despesas. O sonho era comprar um animal para carregar a compra, também queria comprar uma vaca, mas a renda ia embora nas despesas com o transporte da banana e com o que nos tínhamos que comprar na cidade. Como o café não tinha comércio na região tinha que levar pra fora e o dinheiro ia embora com as despesas. Com isso notei que precisava tomar um outro rumo, não perdendo as esperanças, mas precisava de um outro rumo de trabalho.
Em 1993 colhi a terceira safra de café e depois de colher e beneficiar não consegui comprador, vendi a metade e foi tudo nas despesas de transporte. Desisti, cortei tudo e plantei pasto, pois era o meu sonho criar vaca. Mas apesar da grande colheita de banana não sobrava dinheiro para comprar nem um bezerro. Continuava dependendo da renda extra ou trabalhava fora ou então tirava palmito do mato, mesmo sendo contra a minha vontade.
Em agosto de 1994 completo cinco mil pés de banana plantados, foi meu ultimo plantio de banana, na época nos colhíamos 350 cachos de banana. Em 1995 invisto mais na cultura do inhame e passo a fazer tentativas de venda e também alimento outros cultivos, mesmo assim continuo fazendo bico ou tirando palmito.
No ano de 1996 surge a necessidade de reformar a casa e começamos a fazer cursos de fabricação caseira, mas nós não tínhamos matéria prima para fabrica nada, mas a esperança continuava. Em 1997 derrubei a casa para fazer uma outra, preparei o alicerce na esperança de construir no ano seguinte. No mês de agosto nasce Jonatan, nós estávamos com uma colheita de 500 cachos de banana por mês, o que nos dava uma renda média de R$ 1.700,00.
Em julho de 1998 a grande decepção, não temos mais para quem vender a banana, com isso não só tinha que fazer bico, tinha que ir mais longe. Abençoado por Deus consegui um serviço em São Paulo, onde trabalhei quatro meses e consegui levar alguns trocados para tentar uma nova alternativa.
Em 1999 passamos a vender inhame, aipim (mandioca), e em seguida os doces. Na luta para fazer os doces tinha a dificuldade para comprar as embalagens e de como negociar o produto, mas não paramos, fizemos outros cursos de capacitação, entre eles o de adubação verde e orgânica.
Foi em três de Setembro de 1999 que eu tive o primeiro contato com a agrofloresta. Com essa descoberta já comecei a fazer experimentos e logo percebi que seria possível melhorar a produção. Durante o mês de setembro a dezembro de 1999 eu voltei no tempo lembrando que via meu pai recuperar o solo com resto de vegetação, tive a certeza que esse sistema era tudo que precisava para sair da dificuldade.
Em 2000 fizemos alguns experimentos, e em Março fizemos uma viagem para conhecer um sistema agroflorestal produzido no Vale do Ribeira, em São Paulo. A partir daí o sitio entrou num planejamento de um projeto agroecológico para a sustentabilidade com qualidade de vida. Antes de criar o nosso projeto de sustentabilidade, a renda do sitio só garantia 18% das despesas da família, tínhamos que completar as despesas com trabalho fora ou cortando palmito.No ano de 2001 a história começou a mudar, a nossa renda passou de 18% para 32% naquele ano. Já em 2002 a renda foi para 48%, passando para 61% em 2003 e para 82% em 2004. Quando realizamos a nossa primeira Vivência Agroflorestal a qualidade de vida estava se concluindo... e no ano de 2005 alcançamos 100% da renda vinda das atividades do sitio.
As Vivências são visitas programadas ao sitio para pessoas interessadas em conhecer nosso estilo de vida. A maioria dos visitantes tem sido estudantes de agronomia, engenharia florestal, biologia, entre outros. Nosso estilo de vida vem atraindo pessoas de vários segmentos da sociedade, não só estudantes, mas de toda a sociedade como professores e leigos, que desejam conhecer a agricultura que conservamos longe da tecnologia moderna.
Nosso trabalho apesar de ser com o esforço próprio, em cinco anos, alem de conseguirmos melhorar a nossa renda, também conseguimos contribuir para a preservação do meio ambiente em nossa volta. Durante o período de 2000 a 2005 produzimos e plantamos 31.844 mudas de espécies arbóreas e frutíferas, sendo que 80% foram de espécies nativas da mata atlântica. No mesmo período plantamos 52.474 mudas de palmito, sendo um total de 84.318 mudas plantadas em cinco anos.
Em 2006, resolvemos parar a produção de mudas para cuidar de outras atividades como a pesquisa do desenvolvimento das arvores e das frutíferas, mas a idéia é plantar mais 68.580 mudas em uma área de pasto a partir de 2007. A nossa meta é mostrar que para preservar a natureza não é tirando o homem do campo, mas sim educando e orientando para que viva em harmonia com o mesmo e contribuindo para a conservação ambiental. Nosso propósito é conservar a tradição agrícola que a cada dia está deixando de existir.
O Sitio São José com muita fé em Deus continua firme na agroecologia, plantando, produzindo e preservando a nossa cultura agrícola. Já superada nossas expectativas com todos os resultados positivos em todos os aspectos, vamos continuar com nossa produção de mudas para plantar nas próximas vivencias que serão realizadas nos próximos anos sempre no mês de Novembro, momento em que reunimos pessoas que tenham interesse na agroecologia e na sustentabilidade rural. O sítio São José hoje com seu sistema agroflorestal vem garantindo a sustentabilidade e a qualidade de vida da propriedade, longe da tecnologia moderna podemos zelar pela nossa saúde cultivando sem agredir a natureza, podemos nos alimentar bem e oferecer um produto de qualidade para nossos visitantes. Hoje podemos oferecer um produto turístico rural e ecológico com qualidade sustentável.Nosso Sistema Agroflorestal tem como meta a auto sustentabilidade com qualidade de vida, porque no meu ponto de vista a agricultura familiar precisa ser bem planejada. Ter como meta a produção baseada no consumo diário, para ter certeza que está consumindo um alimento saudável. Nosso sistema mostra que ser auto sustentável e produzir uma diversidade de alimento é vem mais viável do que produzir em alta escala determinado produto. O armazenamento de nossos produtos são em conserva natural e ela nos garante o abastecimento na época de baixa produção.Sem tecnologia moderna na produção ou fabricação, o Sítio São José tem como meta resgatar e conservar as tradições agrícolas que estão se perdendo a cada dia com o avanço datecnologico no campo.
Agricultor José Ferreira
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