segunda-feira, 17 de março de 2008

Genocídio no Tibet


17/3/2008

‘É um genocídio cultural e eu sozinho não posso estancá-lo’, afirma o Dalai Lama


“O senhor pode estancar as revoltas’, perguntam os jornalistas ao Dalai Lama em Dharamsala, na Índia.

Sério, Dalai Lama responde:

“Eu não tenho este poder. Trata-se de um movimento popular e eu me considero um servo, um porta-voz do meu povo. Além disso, eu sou totalmente a favor dos princípios da democracia, da liberdade de expressão, de pensamento. Não posso pedir às pessoas para fazer ou não fazer isto ou aquilo. O que fizerem ou queiram fazer, não sou o seu controlador”. A reportagem é do jornal Repubblica, 18-03-2008.





Ele não espera pela outra pergunta. Quer fazer compreender que nem por isso concorda com as violências.

“Na realidade, creio que todos sabem qual é a minha posição. Todos sabem que o meu princípio é a completa não violência, porque a violência é quase um suicídio. Mas, admita ou não o governo chinês, há um problema. A nação tibetana, a sua antiga cultura morre. Todos o sabem”. “Então eu peço – retoma – por favor, investiguem sozinhos, se possível o faça uma instituição respeitada de nível internacional, indague sobre o que aconteceu, sobre a situação e qual é a causa. Todos querem saber: Quem criou estes problemas agora?”

E novamente repete:

“Intencionalmente ou não, assistimos a uma forma de genocídio cultural. É um tipo de discriminação: os tibetanos, na sua terra, muitas vezes são cidadãos de segunda classe. Recentemente as autoridades locais pioraram a sua atitude para com o budismo tibetano. É uma situação muito negativa. Há restrições e a assim chamada “reeducação política” nos mosteiros...”.




E continua:

“Entre os tibetanos que vêm até aqui é crescido o ressentimento, inclusive alguns tibetanos comunistas, que trabalham em diversos departamentos e escritórios chineses. Ainda que sejam ideologicamente comunistas, eles levam no coração a causa do seu povo. Segundo estas pessoas, mais de 95% da população é muito, muito ressentida. Esta é a principal razão dos protestos, que reúnem monges, monjas, estudantes, pessoas comuns”.

E denuncia:

“Pequim confia na sua força para simular a paz, mas é uma paz criada com o terror. Isso acontece há cinqüenta anos e agora há uma nova geração, e também com ela eles têm a mesma atitude. Certamente que eles podem controlar o povo, mas não a sua mente”.

Quanto aos jogos olímpicos, Dalai Lama afirma:

“É a comunidade internacional que tem a responsabilidade moral de recordar à China de ser uma bom país hospitaleiro. Já disse que a China tem o direito de fazer os jogos e que o povo chinês tem a necessidade de sentir-se orgulhoso por isso”.

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